SALA DE LEITURA DA EAT

SALA DE LEITURA DA EAT
Vê-se CS Lewis no Quadro Central, ladeado por seus livros, o Busto de MacDonald à direita e a "Vela do Saber" acesa.

segunda-feira, 23 de março de 2009

O IMANENTE E O TRANSCENDENTE

INTRODUÇÃO

O Infinito decidiu criar. O Eterno e Onipotente poderia sentir falta de alguma coisa? Então por que criou? E pior: criou diminuindo seu controle (leia-se poder) sobre as coisas criadas, aceitando a idéia de que suas criaturas vivas poderiam decidir tudo livremente, como se também fossem deuses. Eis aí o precedente para qualquer hipótese de imprevisibilidade no Sistema, e, por ser infinitamente coerente, o Todo-poderoso teve que diminuir-se ao máximo para poder não saber antecipadamente quais decisões iriam ser tomadas por seus seres livres, ou simplesmente saber paralisado, por não poder fazer nada após a decisão tomada. Um Deus manietado, acorrentado em grilhões e cravos, amordaçado pela dor, sem poder mexer os braços e as mãos, e assim, na remotíssima era inicial da Criação, já espelhava o estado em que ficaria o Crucificado, produto direto do Livre-arbítrio (do mau uso da liberdade).
Seu Segundo Ato, ou seja, recuperar e resgatar todos os que fizeram mau uso da liberdade, seria a rigor “impossível”, ou impraticável, já que dependia inexoravelmente de decisão alheia, a qual Ele não podia alterar, nem conduzir e nem mesmo “insinuar” para o lado certo, ficando eternamente como “mero observador” dos destinos; e assim teria ficado o caso, se Seu Infinito Amor não tivesse inflamado a Paixão, pela saudade e pelo absurdo da perda de quem havia sido criado para a única felicidade satisfatória de uma alma livre.
Então isso obrigou o Infinito Amor a agir na única direção permitida pela sua própria Lei (a Liberdade), que era reduzir ainda mais o Seu Poder, embora jamais o Seu Amor. E o Infinito se fez finito no corpo de um menino nascido de mulher, tão frágil que por pouco não morria antes de completar 3 anos. Ali, naquela pobre condição de pobre, Ele precisou “reaprender” tudo, pois a tremenda Transposição de ser o único Deus para ser apenas um mero deus (deus-homem e homem-deus, embora todos os homens sejam “deuses-de-poderes-suspensos”), fê-lo tão diminuto que chegou até a experimentar castigos que somente os outros deuses mereceriam.
Ao chegar ao Castigo da Cruz, reduzido pela Transposição e agora também pela crueldade humana, experimentou a morte do imortal, embora nenhum dos que assistiram à cena cressem naquele suposto “blefe” tão repetido por Ele durante 3 anos. Nos 3 dias que durou Sua descida ao mundo dos mortos, tecnicamente chamado “infernos” ou Hades, o Infinito Amor ainda tentou e tenta, desesperadamente, apontar a única felicidade verdadeira como razão para os rebeldes mudarem de opinião e acompanhá-lO em Sua Ascensão, na qual poderiam finalmente chegar ao Monte da Transfiguração Infinita do Multiverso, tecnicamente chamado “Céu”.
Todavia deve-se ressaltar, desde já, que houve vários itinerários, intervalos e interrupções ao longo do Seu Plano de Resgate dos “perdidos”, e em cada porto uma prova de Seu Amor (e da felicidade infinita) era deixada como “isca” para quem estivesse sensível à saudade do Paraíso. Por isso é que se diz que essas iscas, que nem induziam nem obrigavam ninguém a pegá-las, não eram exatamente como as iscas comuns dos pescadores, pois os anzóis não dão qualquer boa saudade aos peixes.

ASPECTO CIENTÍFICO

As iscas foram espalhadas nos 4 cantos do mundo, “aleatória e indisfarçavelmente”, até ao ponto onde um incipiente sabor do paraíso principiasse a fervilhar na língua dos peixes-ovelhas. Claro que nada além disso era possível conceder, pois se com os reles prazeres desgastados da Queda as almas já se viciavam e se satisfaziam na “falta de gosto” ou no semi-paladar, o que não ocorreria se o Infinito deixasse uma pista mais longa e menos pedregosa dos prazeres do Céu?... Ora, o mais provável e certo era que todo o Infinito correria um risco ainda maior de gerar o chamado “vício das preliminares”, até porque para muitas almas as preliminares são suficientes, apesar das doenças, dores e revezes da vida biológica.

Porém essas dores e revezes não são castigos para quem usou mal a liberdade que Deus outorgou por Sua livre e espontânea vontade. Na verdade, quando alguém opta por desligar-se da única fonte de felicidade para a qual foi criada, não é possível ao Criador fazer para ela um outro tipo de felicidade, porque simplesmente não existe tal coisa. Isto porque quando uma alma cai, a Queda ‘estraga’ as “papilas gustativas do coração” e este passa a satisfazer-se “com migalhas” ou caricaturas do Céu; e pior, a condição de terem sido criadas para “amor-crescente” (o pecado torna esta condição em vício) as faz gostar cada vez mais das migalhas, chegando ao ponto de só enxergarem migalhas, mesmo quando os Infinitos Manjares são colocados à mesa diante de seus olhos!... (É também a providencial “memória da natureza” que repete e reforça todos os eventos, sejam bons ou maus).
O resultado deste desvio de personalidade de gosto estragado faz com que os próprios corpos físicos das ovelhas acabem sendo alimentados por migalhas, e às vezes até por porcarias e produtos que alimentam mais ao ego do que ao corpo (a velha “fome de ser feliz” leva ao consolo com prazeres anestesiantes e infragratificantes), e por isso os corpos vão enfraquecendo em seqüência, trilhando inexoravelmente a entropia programada para o universo tridimensional.
Com tudo isso, o Infinito viu que para conduzir os míopes só era preciso indicar onde está o manjar. Mas para salvar os cegos seria preciso um trabalho completo, já que somente seu espírito-raciocínio poderia ajudar no auto-exame e na descoberta do desvio de rota. Tudo o mais estaria estragado e impossibilitado de ajudar na autocura, e por isso o Plano de Resgate tinha que abranger corpo, alma e espírito, com a 'iluminação' deste.
A Criação não foi realizada de um bloco enorme de coisa transformada em outra coisa, nem mesmo do vazio transformado em tudo o que existe. A Criação foi uma decisão solitária (no início) de um Deus que resolveu externar um pensamento “maternal”, transformando-o no Multiverso incomensurável que as suas criaturas habitariam. E na Lógica do Infinito, o Multiverso não começaria descomunal, mas nasceria do infinitamente pequeno até chegar às suas dimensões colossais, e todas as coisas obedeceriam a esta regra (a regra de tudo se criar do tamanho menor para o maior, o que configura a chamada“Evolução”). E podemos dar um salto gigantesco no tempo e no espaço para ver a obra da Criação decaída pela ótica da sua restauração.
Como salvar um corpo debilitado pela Natureza não controlada por homens que mal sabiam se autocontrolar? Vê-se que tudo se liga a tudo, assim como as intempéries, que atacam cegamente, estão ligadas a mentes cegas. O erro de desviar-se da única fonte capaz de proporcionar a felicidade trouxe seus efeitos colaterais inevitáveis, que eram a cessação da possibilidade de controle da meteorologia e a não-manutenção da saúde planetária como um todo. Como as criaturas feitas de matéria precisavam da matéria para se alimentar, e esta estava agora poluída por todos os agentes patogênicos liberados pela separação da Fonte mental sadia, o corpo então doentio de Gaia passou a fornecer alimentação deficiente e contaminada, gerando uma civilização celularmente doentia. Eis que quanto mais o tempo passa, mais o Planeta diminui a sua higidez e mais corpos celularmente fracos vão sendo gerados, até que a capacidade reprodutiva se esgote e haja a extinção total... mas antes as criaturas humanas ainda serão produzidas em laboratórios igualmente contaminados.
Isto suscita um terrível problema: assim como a humanidade inteira veio a existir a partir da evolução de um único ser monocelular, que depois de inúmeros estágios evolutivos chegou ao ser multicelular “homo sapiens sapiens”, assim também o multicelular, em sua volta à natureza inorgânica, também regressará às células e ao átomo, quanto mais célere for a deterioração da saúde planetária. No estágio atual, a Ciência e a Medicina já não têm mais dúvida alguma de que os corpos humanos são criados na concepção óvulo-espermatozóide e mantidos pela alimentação celular, sem a qual as micro-estruturas se deterioram e a natureza entrópica põe termo à vida biológica. Da mesma forma, os corpos mais hígidos são aqueles de melhor concepção em gestações saudáveis, bem como os mais bem alimentados ao longo da vida, retirando da natureza todos os elementos sadios constitutivos da infra-estrutura celular, levando a vida física à longevidade. Tudo o que o indivíduo ingere mantém vivo o seu corpo, embora o sistema, como dissemos, foi corrompido na origem e por isso não tem mais forças para vencer a entropia. Os longevos de hoje não passam de 100-130 anos, o que indica que nos primórdios da vida planetária, o corpo humano era mais sadio e por isso não é estranho encontrar registros de longevos bi ou tricentenários ou superlongevos.


ASPECTO TEOLÓGICO

Como a salvação dos “cegos” envolveria uma transformação multifacetal e multidisciplinar na ontologia de cada ser, o Infinito precisou executar um plano que abarcasse todas as dimensões (ou “pessoas”) que formam uma criatura humana. Essas dimensões ou “pessoas” são chamadas de id, ego e superego; ou consciente, subconsciente e inconsciente; ou corpo, mente e alma; ou instinto, mente e espírito; etc., todas formando, como se depreende, uma “trindade” em miniatura, refletindo a própria Trindade que a criou, no mistério do “teomorfismo” presente em todas as coisas, que os cegos e ateus desmoralizam dizendo que o tal fenômeno não passa de antropomorfismo.
Para perfazer um resgate que fosse uma real restauração de toda a tricotomia do ser, e que ainda o deixasse 100% livre para escolher, só havia um modo para o Infinito resolver o dilema: Ele mesmo teria que se transformar em criatura finita, celular e frágil, embora ainda uma trindade-dupla, pois agora seria Deus-pai, Deus-filho e Deus-espírito, em corpo, mente e alma, tal como qualquer ser humano. E houve quem visse que Ele crescia em Graça e Sabedoria diante de Deus e dos homens, cumprindo a sina do maior de todos os milagres, que foi a Sua Encarnação no meio de nós.
A Santa Encarnação de per si, por ser o Infinito afunilando-se até o nível celular humano, feito de átomos e de elementos ainda mais microscópicos, não podia nem pôde deixar de ser um fenômeno muito maior do que aparentava aos olhos da Humanidade, pois ele viria a ter com esta uma interfusão mais entranhada do que jamais qualquer outra coisa teve, porquanto constituía de fato e de direito uma união do Macrocosmo (o Infinito) com o infinitesimalmente miniaturizado na finitude do Microcosmo.
Uma operação deste porte não poderia (nem se quisesse) ser levada a cabo sem um mínimo sinal sequer transparecível na Transposição necessária, porque em última análise é impossível (até para a Onipotência) esconder TUDO DE TODOS, ou obter um disfarce perfeito para o Infinito, que sempre será o Supremo Indisfarçável em todas as almas.
Então, num Grande “Dia D” encravado entre uma eternidade e outra, e antes de descer para a concepção óvulo-espermatozóide, o Infinito se tornou um ser humanóide, ou semi-humano, como afinal são sempre semi-humanos todos os espermatozóides. Transmutado pela Transposição neste semi-humano, ele se imiscuiu sutilmente numa das trompas (provavelmente a direita) de sua futura mãe, e ali ficou alguns dias (talvez 3) à espera da descida do primeiro óvulo daquele mês, o qual certamente foi o mais forte e saudável óvulo que os ovários de Maria produziram em toda a sua vida. Encontrados os dois, o “Espermatozóide-divino” e o Óvulo Abençoado, o Infinito passou a ser homem de verdade, sem nunca ter deixado de ser Deus. Um Deus completo num Homem completo. E a gravidez de Maria transcorreu “divinamente” bem, apesar da rápida desconfiança gerada em seu noivo, José, o qual foi logo depois avisado de que o Ser gestado era produto de Deus, e não de um outro homem.
A partir de então o corpo saudável da Virgem forneceu todos os ingredientes necessários à higidez daquele que iria se chamar Jesus, e o bebê sadio, via placenta e cordão umbilical, recebia todas as heranças genéticas de Sua Mãe, bem como de sua honrosa genealogia, associando tais elementos aos componentes presentes no outro lado de seu corpo, o lado divino, o qual, embora não necessitasse de nada produzido pela terra, utilizava tais adições para dar a Jesus características físicas muito mais assemelhadas a um homem comum. Se o lado divino não tivesse incorporado as adições de Maria vindas da terra, talvez o Jesus adulto fosse um cara (ou tivesse uma cara) muito diferente: talvez fosse mais elástico, ou mais robótico, ou agigantado, ou mais translúcido, ou menos opaco, ou de pele mais brilhosa, ou mais “gelatinosa”, etc., ou o que quer que uma absoluta overdose de imaginação pudesse supor. Mas o menino nasceu normal, de parto normal e, até onde fomos informados, a única diferença era a extrema bondade que irradiava de seus olhos e de seus freqüentes sorrisos.
Por tudo isso, aquele Menino, cujo nascimento virginal não pôde ser disfarçado nem de um casal que já poderia ter tido relações (se o Infinito tivesse esperado para chegar ao útero alguns anos APÓS o matrimônio – e talvez não tenha feito isso para que seus pais não O confundissem entre seus irmãos), teve um corpo humano “comum”, o qual necessitava, como qualquer um de nós, de alimento para viver e crescer até o fim de sua vida-bios, e foi de fato muito bem alimentado pelos imaculados seios, que até então jamais tinham alimentado a outros.


Sua mãe também foi uma extraordinária “cozinheira”, educadora e organizadora do lar onde o Infinito passaria grande parte da Sua vida, enquanto seu pai adotivo foi o excepcional mantenedor da casa com seus talentos na arte da carpintaria. E o menino então crescia em “Graça” (leia-se espiritualidade) e sabedoria (leia-se educação, erudição e organização) diante de Deus e dos homens, tendo inclusive escapado da morte por milhares de pequenos mártires que Deus utilizou e galardoou como “escudo” para garantir mais tempo de vida física ao “Deus-conosco”.
O jovem-Deus chega aos 30 anos para ser batizado por seu primo com todo o vigor de sua saúde até então intocada, embora muito menos sadio que o seu primo, que só se alimentava de frutos da terra, insetos e mel de abelha, e só bebia água de fonte. Jesus “comia de tudo o que lhe ofereciam” (a deduzir do conselho de Paulo) e bebia de quase tudo, inclusive bebida alcoólica, do bom e do melhor vinho palestino. Isto NÃO significa: (1) que Jesus exagerava na bebida; (2) que a comida de Jesus não era sadia; (3) que a alimentação de Jesus não vinha da terra; porque, afinal, tudo o que podemos tocar é tudo o que está neste Planeta, ou pelo menos em sua superfície.
Nos Séculos XVIII e XIX a Medicina já havia descoberto o que o Século XXI concordaria com provas incontestáveis oriundas da tecnologia da imagem e da informação. A saber: que os seres humanos, ou melhor, todos os seres vivos tridimensionais, formam seus corpos dos elementos da terra e com eles se mantêm por mais ou menos tempo, dependendo de sua genética, etnia, sistema imunológico, etc.. Esta “formação” se dá pela ingestão de nutrientes energéticos (alimentos e bebidas), os quais, adentrando a corrente sangüínea, vão criar e/ou fortalecer células que por sua vez vão constituir os tecidos, os ossos, os órgãos e até a massa encefálica (que é a “estação do espírito” ou da consciência do ser humano, cuja rede neuronial permite ao indivíduo identificar-se a si mesmo e aos outros).
Foi por isso que V. De La Mare tão apropriadamente colocou, em um de seus romances, uma declaração pra lá de científica (até profética, para os padrões do homem religioso pouco informado), se lembrarmos que ele apenas desvela um dado pré-existente e só recentemente (Séc. XVIII) catalogado em termos oficiais pela Ciência Médica. De La Mare disse o seguinte: “É uma coisa muito estranha, tão estranha quanto possa ser, que tudo o que a Srta. T. come se transforma em Srta. T.”(NF1). Ou seja: Tudo o que ingerimos se transforma em nós mesmos. E seja bem vinda a verdade!

ASPECTO SOTERIOLÓGICO

O Infinito não quis deixar o lado rebelde de sua criação entregue a si mesmo(a), e por puro Amor, decidiu tomar providências. Aqui nasceu o conceito de Providência Divina, um conceito tipo assim “sussurrado primeiro na intuição de religiosos” (seres com índole e atuação na estranha vocação de crer no inacreditável) e depois nos ouvidos de cientistas.
A Providência então tomou a frente dos negócios da salvação e começou a planejar meios de resgate das criaturas decaídas. E embora soubesse (de) tudo com sua onisciência, teve que estudar bastante pela inexperiência prática em lidar com a liberdade alheia (!?). E o tempo passou naquele tempo que não passa e a Providência quedou-se boquiaberta, porque nunca imaginou (?) que salvar almas desviadas fosse algo tão difícil e intrincado! Loucura total, só pode, para “fundir a cuca” de um Deus! Mistério dos mistérios! Senão vejamos.
Em primeiro lugar Deus teria que lançar mão de artifícios (em alguns casos leia-se “armas”) até então “proibidos por virgindade”, pois eles nunca haviam sido utilizados, senão com aquele antigo propósito de iniciar a Criação. Chamam-se “Milagres”, e são proibidos pela própria Onisciência, pois ela sabe que a maioria dos milagres são também “desobediências”, aliás, autodesobediências. Acontece que a Criação foi planejada e iniciada sob rígido controle de Leis, Leis que refletiam a própria organização mental de Deus, embora o Criador seja o único ser vivente capaz de viver completamente fora das leis e ainda assim estar 100% legalizado. É o Único que sempre estaria 100% organizado no meio de uma bagunça ou cuja bagunça seria apenas aparente, e ninguém mais veria onde ou como está organizada.
Ao “estudar” o Plano de Resgate dos rebeldes, que alguns ditos religiosos chamaram de “Mecânica da Salvação”, outros “Economia da Salvação”, outros “Filosofia da Salvação” (creio que dependendo da faculdade que fizeram ou da faculdade mental mesmo), Deus encontrou inúmeras vertentes ou equações derivadas do mistério que envolve a “perdição”; por exemplo: “como alguém desobedece o único Amor capaz de dar felicidade?, começando do próprio fato de que nenhum dos 'perdidos' se achava perdido, ao contrário, a maioria se achava achada”. Em seguida a isso vinha a extrema dificuldade ou até a impossibilidade de fazer uma mente finita entender uma Infinita, quando os finitos nem entendem a si mesmos!.
Por exemplo:
1 – A rigor a idéia da perdição (rebeldia, mau uso da liberdade) é simples, e há várias maneiras de entendê-la. Senão vejamos:
(1a) se alguém errou na conta, tem que voltar atrás para ver onde errou e começar a contar de novo. Se insistir no erro, jamais chegará ao resultado correto. A matemática prova isso;
2a) se duas almas livres convivem no mesmo espaço e tempo, as vontades dos dois não pode ser infinita, sob pena de uma colidir com a outra (ficou célebre a frase “minha liberdade termina onde começa a do outro”);
3a) se o único perfeito pede algo e alguém recusa, o mais provável é que a desobediência resulte em algo imperfeito;
4a) se todos são infantis e se um deles comete um erro, os outros tenderão a imitar como fazem todos os infantis;
5a) se o primeiro jogou o mapa fora, todos os outros errarão o caminho;
6a) ao sentir prazer em ser amado por outro, o perdido deixa ao Outro um motivo maior para amá-lO, mas estará sempre em risco de preferir o prazer do auto-amor, que não dá chance a ninguém;
7a) quanto menos humanos ficarem, mais precisarão de luz, porém menos saberão vê-la, e o tríplice contrário também é verdadeiro.

2 – A idéia da salvação, que deveria ser a simples reciprocidade do amor (até as religiões cristãs pensam que é a devolução de um direito), passou a anexar as seguintes complicações, que vieram de carona com a complexidade da perdição. Vejamos:
8a) era preciso no corpo uma retomada do autocontrole para garantir uma perda menor do tempo de vida útil do sistema imunológico;
9a) era preciso na mente uma maior distinção dos sentimentos benignos e malignos, para render um melhor uso das emoções e maior segurança nas decisões;
10a) era preciso uma psique autodiretiva entre os pontos cardeais extra-dimensionais para garantir o acesso aos planos astrais sem qualquer interferência de outras consciências;
11a) era preciso um corpo que se alimentasse bem dos melhores frutos da terra não-poluída (somente frutos de planetas não-poluídos) e se exercitasse em todas as juntas, músculos e estruturas psicofísicas, para haver mente sã e corpo são;
12a) era preciso uma alma humilde, cujo prazer residisse na consciência de sua pequenez diante do Criador e de sua significância dependente da reciprocidade do amor dado a Deus;
13a) era preciso um corpo onde o próprio Deus fizesse parte dos elementos intrínsecos dos átomos que o constituem, para que a onipotência estivesse a fortalecer todas as células e assim a infra-estrutura ontológica e antropológica da criatura;
14a) era preciso um espírito engrandecido pela voluntariedade da abertura ao Criador, único combustível capaz de preencher o imenso vazio do coração criado como auto-igreja.
Ora; para contemplar toda essa gama de condições favoráveis à recuperação das criaturas decaídas, o Criador iniciou uma série de obras visíveis e invisíveis como um médico dos médicos, embora todo o seu poder de nada adiantasse sem a aquiescência amorosa dos “enfermos”. Foi assim que surgiu a idéia de deixar alguma indicação por escrito, ao lado de todas as outras iniciativas, porque, embora os rebeldes sempre iriam pôr os registros em dúvida de autenticidade, autoridade ou hermenêutica, o dado instrutivo palpável poderia eliminar a futura desculpa “mas o Senhor nunca nos avisou claramente!”... (o ‘claramente’ aqui certamente nem cabe, pois um escrito antigo, e feito com mil e um códigos de guerra – parábolas, linguagem figurada, etc., tudo para não cair em mãos erradas –, nunca chegaria a ser claro, até porque se o fosse correria o risco da banalização e ainda continuaria sendo alvo da má interpretação). Vê-se então aqui que os planos do Criador, já de saída, continham dificuldades infindas e insolúveis, exceto na hipótese de boa vontade dos “perdidos”. Mas boa vontade é o tipo da coisa tão onipotente quanto Deus, porque amarra as mãos de Deus com Sua própria boca (sua Lei) e vice-versa.
Por outro lado, se nunca fosse deixado registro algum, a fé que surgisse no Salvador seria muito mais autêntica e válida, vez que teria surgido sem prova alguma, como um dia um tal de Tomé descobriu. Porque a confiança é o tipo da coisa que nem o “confiador” pode avisar que vai confiar, nem O Confiável pode pedir tal coisa. Se o primeiro avisar é porque tem dúvida, e se tiver dúvida, não tem confiança. Se o segundo pedir, jamais poderá ter certeza de que a “confiança” depositada é verdadeira. Eis porque a salvação dos rebeldes não poderia ser realizada apenas por um ato de fé, até porque foram as almas que pecaram, e estas são regidas pela emoção e as emoções são tão instáveis quanto poeira em vendaval. Era preciso algo mais... Mas o quê?
As criaturas foram criadas como animais de hábitos, e a função de habituar-se foi inserida na matéria-prima das almas justamente para diminuir a influência das emoções flutuantes. É claro que habituar-se é um processo que envolve riscos. Mas o Criador aparentemente julgou que valeria a pena correr tal risco, pois sem ele jamais haveria qualquer segurança de durabilidade do amor e de todos os sentimentos. Também está claro que se uma alma poderia habituar-se a amar e manter-se no amor para sempre, poderia igualmente habituar-se ao mal e manter-se nele eternamente; e depois ficou provado que, para quem já caiu, o mal é sempre mais atraente do que o bem.
Eis porque a mecânica da salvação teria que exigir algo mais diretamente ligado ao amor, e tinha que ser amor “ao próximo”, pois quem caiu tem muito mais facilidade de amar a quem está distante (porque supostamente o distante incomoda menos) do que a quem convive no mesmo espaço. Então o Criador comprovou, com lágrimas, que o plano de salvação teria que ser algo muito complexo, pois nem podia exigir tudo (ninguém se salvaria) e nem exigir uma só coisa, pois esta coisa não teria força para vencer hábitos. Vencer hábitos?
“Eureca! A salvação teria que relacionar-se a hábitos, pois só um hábito seria capaz de gerar um caráter, porque também só um caráter diferente poderia gostar ou voltar a gostar dos prazeres perdidos antes da Queda, a saber, os prazeres da obediência! É isso!”... Exultou o Salvador. E foi assim que começou a construção do intrincado processo de recuperação, que teve como insight a máxima-sabedoria que diz: “Semeai um pensamento e colhei um ato; semeai um ato e colhei um hábito; semeai um hábito e colhei um caráter; semeai um caráter e colhei um destino”. Ora; o intrincado plano, que já está em vigor há milênios, talvez possa ficar menos complicado na leitura da seguinte seqüência.
Deus cria o homem, uma mini-trindade absolutamente livre. / O homem peca com duas de suas pessoas, a alma e o corpo. / A alma que levou o corpo a pecar havia sido criada com um dispositivo de habituar-se para possibilitar um amor eterno a um coração volúvel./ Ao cair o homem perdeu tudo por ter se desligado de tudo, inclusive de Deus. / Ao desligar-se, perdeu todos os poderes da comunicação, passando a nem interpretar direito, nem ouvir direito, nem explicar-se direito, nem aprender direito, nem ensinar direito; / perdeu também todos os controles conscientes, passando a ser vítima da natureza agredida por seus próprios maus atos; / perdeu assim o controle sobre as intempéries, e isto estragava ainda mais o planeta, agora adoecido; / a saúde ruim do planeta o ameaçava com genocídio; / o corpo levado ao pecado perdeu também sua fonte de saúde; / perdendo a fonte da saúde perdeu os controles sobre seus membros, coração e demais órgãos, desprotegendo seu sistema imunológico e sua sanidade emocional. / Habituou-se cada vez mais ao mal praticado, e o vício o cegava crescentemente. / Agora só o seu espírito, nas raras vezes em que começava a pensar acossado por uma angústia ou solidão, servia de ponte entre o seu “eu” e o resto, e durante todo o restante do tempo a criatura tornou-se uma ilha cercada de abismos por todos os lados.
Se estas descrições concluem alguma coisa, foi só depois de pensar em todas elas que Deus formulou essa outra seqüência, em primeira pessoa. Eis a seguir o monólogo de Deus:
“Eu os criei. / Vou salvá-los. / Meu objetivo é fazê-los voltar a conseguir amarem com amor verdadeiro, pois isto é a única coisa que os tornará felizes(NF2). / Para isso vou levá-los a se habituar a gostar de fazer o bem, pois a prática do bem os habituará ao amor ao próximo, o qual independe de crerem em mim ou não, porque, neste caso, eu não sou tão importante assim: o que importa é que eles possam voltar a amar e, após isso, poderão descobrir a Fonte do Amor. Se jamais chegarem a amar o próximo, nunca se tornarão amáveis, porque eu também sou seu próximo (aliás, ninguém está mais próximo deles do que eu). Ao mesmo tempo em que lhes apresento ocasiões e oportunidades de ajudarem ao seu próximo, farei incansáveis apelos a eles, mostrarei como existem boas obras a serem feitas, mostrarei como se fazem, escreverei um livro e o espalharei na Terra, afastarei deles muitos perigos (como morrer envenenado sem saber que era veneno), livrá-los-ei de acidentes antecipados, protegerei seus corpos antes da hora, ameaçá-los-ei com exemplos de mortes explícitas de maus atos alheios, e farei outras mil coisas para não deixá-los na ilusória paz dos peixes perante o anzol (como orações conjuntas, sussurros de fé, apoio moral, descobertas misteriosas, milagres inquietantes, etc.). E, se ao final de tudo, eles não acreditarem em nada nem praticarem bem algum, eu mesmo descerei à região das almas desencarnadas e lá voltarei a fazer os mesmos apelos que fiz enquanto estavam na carne.”
E Deus ainda fez algo mais intrincado e imperceptível, ou só visível por quem acreditasse. Voltou a monologar: “Porque era preciso um último auxílio à restauração deles, e este auxílio tinha que ser agora dentro do corpo, pois este era a parte deles ‘não-pertencente-a-eles’, justamente porque seus corpos eram ‘frutos’ da terra, e não da minha criação direta. Assim sendo, era necessário FAZER seus corpos, ou refazer, agora com elementos divinos, tal como o corpo de Jesus tinha a sua metade paterna feita de elementos exclusivamente divinos. E como eu poderia fazer isto? Eu tinha que mais uma vez me imiscuir DENTRO da Criação, entrando na fabricação celular de seus corpos. E como se entra nesta fabricação? Eu tinha que entrar na corrente sanguínea deles, tal como uma vacina intravenosa entra. Mas como eu conseguiria virar vacina? Não era preciso tanto: bastava eu virar alimento. Alimento de verdade. E EU VIREI PÃO. Mas pão-somente nada significaria: seria apenas mais uma comida natural. Portanto o pão teria que ser espiritualizado. E como espiritualizá-lo? Então a fé aqui entraria forte: um homem que cresse (tinha que haver outro por causa do amor ao próximo e da confiança que este requer) em milagres e em mim teria que receber de mim um poder delegado desde os tempos de Jesus, para então dar poderes ao trigo constitutivo do pão. E aquele que fosse comer daquele pão precisaria também confiar no próximo que lhe administrasse o pão (amor ao próximo), crendo que de fato está 'ingerindo Deus', pois a união do ato-fé dos dois com o meu poder interno e externo gerariam um efeito tal que, além de bloquear agentes patogênicos, eliminaria todos os vícios visíveis e reduziriam paulatinamente os invisíveis, até que seu coração se visse liberto para habituar-se apenas no amor ao próximo, sendo o último próximo eu mesmo.”

CONCLUSÃO

O Amor Infinito quer casar conosco. Quer um Matrimônio de verdade e com a Verdade. Matrimônio é casamento e casamento é Sacramento. O Casamento tem regras para dar certo. Como o imanente só pode se casar com o Transcendente no cumprimento dos planos salvíficos e de todos os esforços de Deus para salvar o homem (muito mais esforços e milagres do que apenas a Cruz), fica claro que não se justifica qualquer desculpa de dificuldade humana nesse processo, porque até agora o homem só fez bobagens e crueldades, e quando o Bem decidiu mostrar-lhe o quanto se afastou e o quanto se infelicitou, abriu sua boca em reclamações e lágrimas de crocodilo. Então a verdade é que é absolutamente imerecido o Amor de Deus pelos “reclamantes”, exceto para quem nunca deixou de amá-lO (como as civilizações celestes)
Se um dia fomos nada e fomos um dia daí criados, se depois de eras incontáveis decidimos nos aventurar na burrice da doença sem remédio e do prazer sem felicidade, não teria sido melhor nunca termos deixado o nada para a imanência? Talvez sim. Podemos admitir isso. Mas não haveria justiça alguma se eu ou outras criaturas imanentes quiséssemos a Transcendência e um reclamante invejoso tivesse autoridade para extinguir tudo! Isto sim seria uma obra infernal, pois o inferno é justamente o lugar onde os maus se comprazem apenas em si mesmos e exigem que todos os outros sofram as mesmas ausências que eles encontram pela frente, no último ato tresloucado de sua liberdade.

Prof. João Valente de Miranda.

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NOTAS FINAIS:

NF1: Citado por C.S. Lewis em seu livro “MILAGRES”, Capítulo VIII, intitulado “O milagre e as leis da natureza”, página 53, no subtítulo.
NF2: E isto, a rigor, é a única coisa que Deus nunca poderia ter por si mesmo, pois o único modo de receber amor livre e voluntário é criar um ser diferente dEle e dar-lhe liberdade total.

DE ONDE VÊM OS DISCOS VOADORES

Certo dia li um artigo intitulado “Discos voadores vêm de mundos subterrâneos”. Lá encontrei muita coisa interessante, conquanto tenha visto certos “furos” (que ‘coincidência’!), evidentemente “inocentes” e involuntários da parte do autor, que reputo um dos melhores pesquisadores deste país, e tenho certeza de que posso chamá-lo de amigo, embora só nos conheçamos no universo “web”. Assim sendo, como não houve qualquer proibição de tornar pública a nossa conversa (não citarei nomes), decidi ampliar o número de pessoas que a lessem, por crer que trocamos muita informação útil ao público em geral. Com efeito, a título de evitar repetições, usarei sempre a abreviatura “ITs” quando me referir aos intraterrestres e ETs aos outros. Ok? Prossigamos.
Amigo: Depois de tudo o que li na vida sobre o assunto, e também depois de ler e reler seu texto, eu ainda continuo achando que os discos voadores são extraterrestres (isto sem levar em conta as “carroças voadoras” redondas ou triangulares que americanos e outros fizeram em imitação ao que viram, e todos os demais enganos de observação que a ignorância ou enrolação humana querem nos fazer engolir). Mas dizer que eles são extra-terrestres não resolve muita coisa para quem usa apenas os olhos físicos nesta busca, simplesmente porque as únicas provas possíveis foram enquadradas naquela famigerada categoria “Above Top Secret”, e a nós civis foi deixada apenas a famigerada fé. E não me sinto desambientado ao falar isso aqui, pois sei que você também enxerga com o “3º olho”, por assim dizer, e sabe que provas físicas também podem ser bastante enganosas.
Entrementes, não se adiante no raciocínio. Faça como eu fiz ao ler seu texto: não lhe exigi nem exigirei prova alguma dos ITs, até porque eu TAMBÉM creio neles!... Todavia, e aqui está o “X” da questão, quando ambos os lados tratam de algo sem usar prova concreta, então devem fixar a mente nas duas faces desta moeda: (1a) Se não são dadas provas de ambos os lados, então os dois têm que se reger pela velha confiança dos tempos pré-científicos; e (2a) Se não são dadas provas nenhumas, então quanto maior o “horizonte de hipóteses” mais próximo estaremos de uma (surpreendente) prova: neste ponto deve ficar pacífico que isto é pura lógica.
Essas duas faces da moeda pressupõem então que, diante do colossal mistério da vida, quanto mais complexa for a resposta, qualquer resposta, mais probabilidade terá de ser verdadeira [E por que é que isto também é lógico? Porque a própria vida, seja em que conceito for, é de uma complexidade estonteante, a tal ponto que a mera expressão “olhar uma mesa”, se pedirmos a um cientista para explicá-la – tudo sobre os átomos, sobre as ondas de luz que se refletem nela, atingem os olhos, agem no nervo óptico, depois na área interpretativa do cérebro, etc. –, veremos que essa “simples” frase se desdobra em complicações sem fim]. Assim sendo, já que temos de enfrentar “o labirinto de mil e um túneis da realidade”, vamos meditar em termos quantitativos e qualitativos. Ok?... Então temos o seguinte:
- NOS QUANTITATIVOS: I – O tamanho da Terra; II – O tamanho do universo (que inclui as distâncias astronômicas e a quantidade de “lugares” possíveis); III – A energia necessária para uma viagem intergaláctica.
- NOS QUALITATIVOS:
IV – A índole dos viajantes;
V – O Código/linguagem dos viajantes;
VI – A política dos viajantes.

i) O TAMANHO DA TERRA é um fator terrível para justificar, sozinho, a origem das inúmeras raças disponíveis nos registros históricos. Terrível, porque, sem o auxílio de outras hipóteses adicionadas ou derivadas desta, a lógica manda dizer que qualquer raça alienígena tecnologicamente superior à humana, jamais iria querer se confinar à gaiola redonda de um planetóide que nem o nosso, da mesma forma como nós mesmos já estamos fartos da Terra e com vontade de visitar outros mundos [a hipótese de que os ITs tenham nascido lá embaixo deve ser olhada com cuidado, pois a própria origem humana terrestre é posta em dúvida, e talvez nós mesmos sejamos ETs. Além do mais, se a superfície já está saturada com a explosão demográfica, o fundo da gaiola também pode estar sofrendo do mesmo mal. A sub-hipótese de que os ITs seriam tão evoluídos que já teriam se tornado inférteis é duvidosa, pois ela implica em uma biologia imune à entropia universal, o que é uma impossibilidade intrínseca da infra-estrutura cósmica. Além do mais, corre o pensamento de que o sexo e a fertilidade são também fatores evolutivos, e assim os ITs não seriam muito inteligentes descartando tais fatores. Finalmente, veja que quando falo em TAMANHO da Terra e o “equiparo” à órbita lunar (ver último item), já ampliei em muito o tamanho da gaiola, mas mesmo assim ainda é uma jaulinha ínfima, em contagem regressiva para explodir].

ii) O TAMANHO DO UNIVERSO. Nada é mais enganoso do que o tamanho do universo. Nenhum cientista pôde afirmar (com provas) que a última fronteira é de fato a última, e há mesmo alguns que pensam tratar-se do infinito. Mas não é. Existem fronteiras. O problema é que cada fronteira é contígua de outro universo, e os espaços inter-universais também são imensos. É por isso que o termo atual melhor para defini-lo não é mais universo, e sim Multiverso, como mostrou Max Tegmark [http://space.mit.edu/home/tegmark/index.html]. ou Edgar Id. Smaniotto [http://www.scarium.com.br/resenhas/edgar04.html]. Se é Multiverso, então fica completamente descartada a hipótese da viagem linear ou sideral, mesmo com a tecnologia alienígena. Assim, se a viagem não é sideral, então ela só pode ser multidimensional, através de túneis entre os vários sidéreos, chamados “vórtices”, “janelas dimensionais”, “Corredores Bavics”, “buracos de minhoca” [http://pt.wikipedia.org/wiki/Buraco_de_minhoca] ou coisa que o valha. Isto elimina o golpe certeiro dos que, com justa razão, não conseguem crer em viagens siderais ou inter-galácticas. (E eliminado este engano, que jamais deveria se repetir em nossa memória, o caminho fica mais “limpo” para encararmos ETs como ETs e ITs como ITs).

iii) A ENERGIA NECESSÁRIA PARA VIAGENS intergalácticas torna virtualmente impraticáveis tais deslocamentos, mesmo que lá no planeta dos alienígenas haja uma super-máquina de sucção cósmica que “chame tudo para si”, ou mesmo que lá não haja economia e tudo seja gratuito. E pior: o potencial de aceleração seria inversamente proporcional ao “sucesso cerebral da missão”, cujos viajantes precisam sair e chegar com o mesmo rosto e consciência (nos dois embarques e nos dois desembarques envolvidos), o que desfaz a hipótese de uso de veículos tridimensionais e reabilita a tese de veículos etéreos. Mas se passarmos para veículos etéreos, saímos da hipótese ET e entramos na teoria de “um cosmos feito para 'devas', 'anjos' ou 'zeróides',” como os denominou Van Putten. [Porém, ressalte-se e atente-se: tudo o que foi dito neste item leva em conta a pífia noção humana de tecnologia de ponta, pois pensamos em “super-aparelhos no futuro”, quando o futuro pode ser apenas “super-mentes-espiritualizadas”, e os aliens já estariam neste futuro].

iv) [NOS QUALITATIVOS]: A ÍNDOLE dos viajantes é fator-chave essencial. Por duas razões: (1a) Se eles não pensarem como nós, e tiverem um outro “módulo consciencial de auto-identificação”, então NADA podemos esperar de um contato – como uma pedra nada espera de nós – ou tal contato nem chegará a ser cogitado, pois talvez até o que pensamos de “aproximação”, pode ser para eles um suicídio, uma imundície, uma “beatificação imerecida” ou coisa que o valha. (2a) Se eles pensarem como nós (incluindo nossos maus pensamentos), então aquilo que chamamos de “um bom contato” pode ser um mal para eles e vice-versa, o que nos recomendará prudência ou distância, em nome da nossa segurança. Não é à-toa que as distâncias astronômicas são tão desestimulantes! Parece que “alguma coisa lá em cima” previa a extrema beligerância que poderia advir da proximidade de raças livres, e por isso, se dois bicudos não se beijam, afastou-nos inexorável e diametralmente. Fica a dúvida: por que os animais não foram afastados de nossa crueldade???

v) O CÓDIGO DOS VIAJANTES pode ser vital para eles, e eles talvez tenham o seu Código como os protestantes fanáticos têm a Bíblia. Assim sendo, se o Código permitir o contato, eles podem ter medo do risco de descobrirmos o Código e a “arca-da-aliança-deles”; e se o Código não permitir o contato, não os descobriríamos mesmo que fôssemos ao planeta deles, o que perturba a nossa noção de “mundos desabitados”. E se houver entre eles quem desobedeça o Código, então voltamos à primeira hipótese (iv) ou chegamos à última (vi). [Neste item “v”, você deve levar em conta que as dificuldades com o Código ficarão centuplicadas se houver problemas de linguagem, isto é, se formos incapazes de entendê-los, por mais línguas que usemos em nosso “comunicador universal”].

vi) A POLÍTICA DOS VIAJANTES. De tanto procurar descobrir coisas sobre a política, creio ter passado por minha vista algo a respeito de qualquer coisa relacionada à “prisão da Terra”, sendo isto, mais uma vez, um dado para o qual não obtive qualquer prova, exceto a lógica (é o tipo da coisa que se alguém me contasse antes de tudo o que li, eu também duvidaria). Assim sendo, o que consigo lembrar parece indicar que corre uma espécie de “boato”, dando conta de que nenhuma raça que habite esta gaiola imunda pode ultrapassar a órbita da Lua sem permissão de ordens superiores; e pior, que estas “ordens” não estariam nada 'satisfeitas' com as decisões tomadas pela atual raça humana. [Por falar em gaiola poluída, não propriamente com as sujeiras que a ciência conhece, essas “poluições” também impedem que nossos “chamados” ultrapassem a órbita lunar, da mesma forma como impedem que as comunicações inteligíveis do espaço cheguem até nós. Em resumo, estaríamos literalmente “ilhados” num presídio cósmico... aliás, numa gaiolinha].

Claro que quando se vê o limite da gaiola na órbita lunar, uma pergunta fica no ar: “e as sondas espaciais que já ultrapassaram esta órbita?”. Sim. Uma delas inclusive já saiu do Sistema Solar há anos!... Porém, pelo boato, continua valendo a “imposição seletiva”, i.e: nenhum ser humano ultrapassará a tal órbita e nenhuma comunicação inteligível chegará ou sairá daqui. É por isso que há muito tempo a NASA “divulga” suas pesquisas dizendo que nada apareceu de sinais de vida inteligente, nem nas viagens das sondas nem nos radiotelescópios. Porém creio que ela poderá conseguir sinais de micróbios e até de insetos, mas de seres pensantes não... “Exceto quando a ordem for revogada”, segundo o boato. [E se, ao contrário, pensarmos que algum governo da Terra já conseguiu o contato inteligente e nada diz, então isto se transforma na pior das hipóteses que nos resta: a de que só ETs malignos poderiam aceitar acordos com humanos de índole duvidosa e se manterem em silêncio e em desdém para o resto da humanidade!... Afinal, a humanidade vem sofrendo há milênios e ninguém ajuda, e tudo leva a crer que o sofrimento das últimas décadas cabe na frase de Jesus: “haverá tamanha aflição como nunca houve desde o princípio do mundo” (Mt 24,21). Dixi.

Mas veja, amigo, que aqui está, com certeza, mais uma resposta que não responde nada, somente porque não prova nada com prova visível aos olhos. É algo que não chega e não passa de Vimanosofia. Inobstante, as dúvidas que levanta, para mim, são “sadias” para a nossa mente, ou pelo menos mais sadias do que pensar apenas em intraterrestres e distâncias inatravessáveis. Claro que tudo é apenas uma opinião particular, cujo único valor talvez seja lembrar que a resposta pode estar noutra realidade, muito mais misteriosa do que a nossa “paixão por simplicidade” deseja. Ela é tão misteriosa que ri daqueles “nossos conhecidos” ufólogos que vêem discos de metal amassando canaviais...

O MISTÉRIO DA CRUZ - SÁTIRA

Um dia alguém pregou uma estaca maior a outra bem menor e formou algo que lhe espantou, uma cruz. E queria que alguém visse o novo objeto que não havia na natureza, exceto toscas junções de árvores que jamais tinham ângulos retos. Então querendo que sua “novidade” fosse de todos conhecida, viu que era mais fácil visualizá-la colocando-a de pé. Uma vez posta de pé, viu que grande parte de sua beleza se perdia com a proximidade da estaca menor do solo. Então decidiu arrancar a estaca menor do centro da maior e pregá-la mais perto de uma das suas extremidades, fincando em seguida a parte mais distante do centro ao solo. Agora toda a beleza de seu invento ficava visível a quem quer que passasse. E todos os transeuntes iam e vinham e olhavam o novo objeto, e cada um dava uma opinião ou uma idéia sobre aquilo. E seu inventor passou a colecionar as idéias e a formar uma teoria.

“Viu” que a cruz de pé, fincada com sua parte maior ao solo, de longe e em dias escuros e chuvosos, parecia um homem com os braços abertos a olhar o céu. Dava até para imaginar a cabeça fina, pois muitos homens que conhecia tinham um pescoço tão grosso que nem pareciam ter cabeça. Também, na penumbra, o grande “espantalho” estava com as mãos curvadas para dentro, de tal modo que parecia vestir um paletó reto, no qual as mãos se escondiam na longa manga. Mas a sua invenção era fantástica: o homem estava de braços abertos, como a abraçar a todos que iam a ele, ou, modéstia à parte, como que a abraçar o mundo inteiro, que parecia um homem gorgo curvado à frente dele. Então viu que o braço esquerdo apontava para o Sul e o direiro para o Norte, e com isso abarcavam dois pontos cardeais importantes, com as costas voltadas para o Oeste e o peito para o Leste. Todo o globo estava representado naquele abraço de madeira, lembrando um abraço que ele viu depois de longos anos entre duas árvores plantadas juntas que, ao sabor dos ventos e da erosão, terminaram por abraçar-se lá em cima, juntando seus galhos no início, e no fim o tronco bifurcado.

A cabeça pequena da cruz, ou seu pescoço sem cabeça, estava apontado para o firmamento, que até os cientistas preferem chamar de céus. Ao encostar seu rosto no tronco da cruz e olhando em direção ao céu, o inventor viu que em linha reta, a cruz apontava para uma certa constelação, e viu nela a figura imaginária de um Leão, ou pelo menos que a cabeça e os braços elevados formariam um Leão relacionado a uma Ursa Maior, e a um Centauro maior ainda e a outros seres gigantes que habitam o espaço sideral. Então começou a perguntar à “Teoria das Idéias Colhidas”: por que seu invento apontava para um Leão amigo de ursos e centauros? Ou porque não eram seus braços a apontar para leões e ursos terrestres? Por que leões e ursos não se davam bem e estavam separados na Terra, mas no céu estavam unidos? Poderiam leões e ursos, muito antes de aparecerem na terra, terem sido seres voadores? Teriam tido asas como alguns tipos de cavalo? Bem; pelo menos naquela visão na sombra da cruz podiam...

Entretanto viu que os leões e ursos da terra quase nunca chegavam aos pés da cruz, enquanto as aves sentavam nela; e ouve um casal de pardais que tentou até nidificar na junção ou “ombro” direito do espantalho, como se fossem íntimos dele ou o desrespeitassem. E o inventor entendeu que alguma coisa errada aconteceu com os seres da Terra, porque seu invento não merecia desrespeito, na forma de um ninho ou de fezes de aves. Porém pensou melhor e viu que talvez não fosse as aves e animais a desrespeitar o seu invento, e sim que seu espantalho era amaldiçoado. E o tempo passou rápido, e a idéia da maldição começou a tomar espaço e a preponderar sobre as outras teorias. Até que um dia no futuro, quando todos os homens construiram cruzes e comprovaram a maldição, passaram a “enfeitar” covas de finados encravando uma cruz sobre a terra.

Mas então a teoria misturou-se toda, e um certo homem diferente ou louco, subiu ele próprio na cruz, pregado a ela com pregos enormes, numa brutalidade que até hoje não entendi. Não sabia se ele pediu para ser pregado, ou se o pregaram de propósito. De qualquer forma, seja como for, se ele queria experimentar uma nova forma de auto-flagelação ou se queria apenas aparecer, ninguém sabia. Mas o fato é que não passou muito tempo vivo para contar a história. Em três dias morreu mesmo, apesar dos inúmeros gritos que deu para o céu, como que pedindo socorro. Então o inventor ficou a pensar: teria aquele homem gritado para o Leão da Constelação? Ou haveria alguém lá em cima a olhar para aquilo tudo e simplesmente não o atendeu?...

O mais estranho foi que ao morrer, aquele homem, crucificado ao lado de outros dois caras em outras duas cruzes, fez toda a terra tremer e defuntos reviverem, embora ninguém acreditasse nessa história que só o inventor viu em seu sonho premonitório. O morto foi deixado na cruz por três dias até o domingo, que é um dia melhor para se recolher cruzes. Foi ali que o inventor percebeu que o pé da cruz não estava fincado sobre a terra, e não apenas apontava para o centro do planeta, mas descia até uma estranha região, onde os vivos não tinham corpos. No centro, tanto da terra quanto da discussão, não há consenso secreto entre os cientistas, pois os que falam em público só dizem o que são pagos para dizer, e os que falam a verdade estão mudos pelo medo de ver suas famílias irem para o fogo do centro.

Na região inferior, onde ninguém tem corpo sólido e onde o pé da cruz comunica a única saída, um defunto levou uma luz diferente e uma catapulta para retirar sombras. Todas as sombras que quisessem sair, iam até a rampa da catapulta e eram arremessadas de volta, mas não de volta à terra onde a cruz estava fincada, mas sim à terra para onde a cabeça da cruz apontava. Na subida rápida e demorada, cada sombra ia ganhando cor, aliás, densidade, e lá em cima tinham condições plenas de decidir se preferem ficar lá ou descer ao centro da terra das sombras. Como a cruz tinha dois braços, muitas sombras não chegavam a subir de todo, e dobravam à esquerda ou à direita, ficando entre os vivos a assombrar com sombras estranhas, que nada mais é que assombrar. Como os braços apontavam para pontos cardeais, soube-se que as sombras apareciam nos quatro pontos do globo.

Finalmente, pela diferença de fuso horário entre o mundo dos visíveis e dos invisíveis, ninguém pode dizer quanto tempo durou a visita daquele estranho defunto ao vale das sombras, mas o seu estado de morto durou somente até a véspera do dia da maldição, que se tornou o dia da ressurreição, o domingo. Ao reaparecer, todo o mundo invisível soube de onde ele veio e o visível soube só uma parte. Depois de uma quarentena na terra, os dois grupos viram aquele homem redivivo subir para onde apontava a cabeça da cruz, prometendo voltar depois de muito tempo para pôr as coisas em ordem e explicar o significado da palavra cruz. No final da história houve quem dissesse que o redivivo não subiu na direção da cabeça da cruz, mas que na verdade ocorreu uma trasladação na direção do braço direito, lugar onde foi encontrada a ossada de um macaco carpinteiro, o inventor, aquele que pregou duas estacas uma na outra, um pouco abaixo do pescoço.

O GOVERNO SOB O DESGOVERNO

“Nada há mais decisivo e vantajoso numa batalha do que conhecer antecipadamente os planos de ataque do inimigo”, dizem os que estudam a arte da guerra.
O próprio Führer teria sido derrotado, afinal, não por estrita supremacia dos aliados, mas porque estes contaram, desde antes da guerra, com a revelação prévia e precisa dos planos e códigos secretos nazistas por nove “auxiliares” diretos de Hitler, os quais faziam vazar as datas e os locais dos ataques alemães, segundo o livro “A guerra foi ganha na Suíça”, de Pierre Accoce e Pierre Quet.
De todo modo, isto são apenas ínfimas indicações de que as contendas são ganhas por quem detém, com antecedência, a informação das intenções militares do inimigo, muito mais do que por possuir armas devastadoras (estas, aliás, hoje em dia, se não forem bem usadas, aniquilarão o próprio País que as detone), embora, como é óbvio, associar as duas coisas seja muito melhor.
Mas o que poderia ser ainda mais vantajoso do que a simples presciência dos planos do inimigo? A título de exercitar a mente, imaginemos agora que maiores vantagens, em conjunto, poderiam ser estas:
(1a) Conhecer os planos do inimigo, muito antes de sua execução (e mesmo de sua formulação);
(2a) Possuir armas não apenas devastadoras, mas virtualmente inimagináveis pelo inimigo;
(3a) Possuir armas que possam aniquilar apenas o inimigo, deixando intactos bens e riquezas deste;
(4a) Conhecer não apenas os planos, mas toda a vida íntima do inimigo, o que ele pensa, o que gosta de fazer, o que não gosta, como fala, como dorme, como está sua saúde, etc.;
(5a) Deixar o inimigo cada vez mais convencido de que não possui inimigos.

Num segundo exercício de raciocínio, verifiquemos agora, nas entrelinhas do cotidiano, se a realidade inteira não poderia ser uma grande cortina de fumaça para esconder a existência de um Governo “sob o desgoverno”. Ora, não podemos deixar de admitir que se houvesse um adversário que dispusesse das armas acima elencadas, dificilmente ou nenhum de nós nem ao menos chegaria a suspeitar de tal fato, sendo, literalmente, presa fácil e uma vítima virtualmente indefesa, mesmo que possuísse arsenais nucleares (pois vimos que as vantagens não estão nos megatons, mas na “pré-espionagem”). Com efeito, que defesa poderíamos ter contra um inimigo que nasceu antes de nós e que conhece tudo o que iremos pensar ou desejar no futuro? Entretanto, se tal dado se confirmar, por que esse inimigo ainda não nos destruiu?
Na certa todo o caos de nosso tempo, todos os sofrimentos e todas as misérias nada mais são que a forma macabra de operar o modus faciendi de uma dominação subliminar, como se tudo isso fosse a sinistra orquestração de uma ópera cujo resultado não está ao alcance de olhos mortais.
Então haveria de fato um governo “sob o desgoverno”, ao qual interessa manter exatamente o quadro que aí está. E se lhe é interessante e apetitoso manter o quadro caótico, não podemos deixar de pensar que tal governo deve auferir vantagens não apenas de quem vive, mas também de quem morre.
É como se o mundo fosse um grande panelão de uma cozinha industrial, sobre cuja tampa estaríamos vivendo, ora a sentir calor, ora angústia, ora tédio, ora nada. Mas o fim de tudo não seria a tampa, e sim o interior da panela, e só ele seria mexido. Mas a mexida interior de nada valeria, pois lá não há liberdade.
Nem tudo o que é absurdo é impossível, e tudo o que é plausível é possível. E nenhum de nós sairia a desmascarar esse Governo, pois, embora ele não tenha sido eleito por nenhuma mente consciente, ninguém iria admitir que o caos tem um comando (do qual emanam as ordens que nenhum poder temporal desobedecerá), e se admitisse, certamente venderia até a alma para não denunciá-lo.