Com a matriz
duplicadora do subconsciente e a natureza automatizadora de hábitos da alma, a
profissão de ator constitui um risco além da capacidade visual e do controle do
ser humano.
A vida
pessoal de todos os atores e atrizes, ao redor do mundo, tem dado provas mais
que convincentes de que a interpretação de outras vidas (i.e., a atuação de
atores) comporta uma armadilha letal, cujo fim quase sempre descamba para
resultados jamais planejados e muito menos desejados no início das carreiras de
quem ganha a vida a atuar no “fingimento técnico” de cenas e roteiros.
A rigor e a
bem da verdade, ninguém tinha consciência completa do que significa SER ATOR no
estrito senso da expressão, até porque ninguém conhece tudo acerca da alma
humana, e muito menos da profundidade de seus intrincados meandros, objetos de
estudo exaustivo de todas as ciências “psi”, que até hoje não bateram o martelo
com a resposta definitiva acerca da plenitude da psique. Aliás, os trabalhos
mais recentes, ilustrados obrigatoriamente pelos estudos de Freud e outros
“pais” da Psicologia, jamais ultrapassaram o limiar do universo interior da
mente, e ainda muitas vezes tratam como nulo ou inexistente toda a área
exterior do alcance anímico (com as honrosas exceções da Parapsicologia). Isto
leva à inevitável conclusão de que os estudos não iluminaram os mistérios da
área, ou, pelo contrário, talvez até os tenham feito recrudescer.
O preâmbulo é
necessário para se ter uma pálida ideia, por mínima que venha a ser, acerca de
uma resposta para o drama dos atores, para o qual a linguagem humana (criada
por um cérebro primata ainda infantil no domínio da fala) pouca ou nenhuma
contribuição tem a dar, deixando sempre de fora dados e aspectos sem dúvida
importantes para completar o enigma.
O que se
sabe, com segurança (mas esta válida apenas para religiosos ou pessoas que
aceitam a religião cristã como fonte confiável), é que a alma humana foi dotada
de dois atributos especiais – além de muitos outros, desconhecidos ou não –
para a práxis da vida cotidiana, sem os quais os riscos de sua corporificação
seriam muito maiores e mais próximos de sua criação em três dimensões. Os dois
atributos (a saber, a “MATRIZ
DUPLICADORA DO SUBCONSCIENTE”, doravante MDS, e a “NATUREZA AUTOMATIZADORA DE HÁBITOS”, NAH) citados, como o leitor
poderá perceber pela lógica do Deus cristão – amoroso e interessado em
incrementar o amor no nosso coração –, são uma espécie de “gatilho” para que
cada alma se autodistinga claramente para o amor-próprio (MDS) e ao mesmo tempo
fortaleça em si o primeiro impulso de amor ao próximo (NAH).
Ajudando o
leitor a ver melhor (por um lado), se as almas não tivessem sido corporificadas
e não tivessem a MDS em si, provavelmente confundiriam um subconsciente alheio
que lhe amasse, e a tendência seria gostar apenas de ser amado e não de amar,
esvaziando o amor-próprio confundido com o primeiro sentimento. Eis aí a
função-dupla do corpo com a MDS, que nos distinguem e nos fortalecem enquanto
indivíduos únicos e eternamente autodistintos uns dos outros. Por outro lado,
se as almas não tivessem a NAH, os amores nascidos em nós tenderiam a
dissipar-se “com as luas novas” ou distrair-se perante outros sentimentos
igualmente aprazíveis, e a cada distração sua força diminuiria e terminaria
perdida por embaçamento ou ofuscação. Com isso, julgamos ter deixado para o
leitor a única (e talvez melhor) explicação para os dois atributos da alma.
Assim,
poderemos voltar para o que chamamos de “perigoso exercício da dramaturgia”.
Observe o
leitor que os dois atributos (MDS e NAH) podem manter-se, até certo ponto, incólumes
no indivíduo, pelo menos enquanto nenhuma degeneração de instintos ou
sentimentos promova uma perversão (“per-versão” = perversidade), danificando o
equilíbrio interior e pondo em risco a estrutura existencial. Entretanto, nada
do que dissemos se dirige ao “animal gregário humano”, e sim ao indivíduo
isolado da comunidade, ou à alma de per si, como em espelho diante do
Criador.
Todavia, o
que se dará com o caso em relação ao ser gregário, ou ao homem na convivência
social, quando seus controles interiores precisam de muito mais precisão e
poder? Evidentemente a sua MDS, jamais testada com outras almas, precisará de
um longo tempo de autoconvivência para que a sua NAH robusteça e imprima bem a
sua individualidade anímica, permitindo ao indivíduo “localizar-se”
perfeitamente na criação, sem nenhum risco de confundir sua produção própria
com a de terceiros. Isto explica porque a vida material ou a idade cronológica
não são suficientes para a plena formação da personalidade-pessoa humana, sendo
necessária uma longa existência pregressa para a formatação e consolidação da
individualidade [não é à-toa que a ideia de reencarnação nasceu e ganhou força
no meio da Humanidade, praticamente desde que esta tomou consciência da morte,
lá atrás, muito antes de Adão e Eva, justamente porque a todos é evidente a
insuficiência da longevidade humana para permitir toda a parafernália de
construções necessárias ao desabrochar completo de uma alma. Porém a vida
pregressa, que pode ter ultrapassado inúmeros estágios de maturação ou
prematuração, em diversos tipos de sustentáculo anímico, não foi arquitetada
para repetir etapas, e portanto o corpo humano, encontrado nos espaços
tridimensionais, seria apenas 1 (UM) ÚNICO ESTÁGIO da longa caminhada, jamais
reprisada ao longo do tempo – explico o assunto em meus livros “O grande divórcio do egocentrismo” e “Você é um fantasma e não se enxerga” – vide os dois títulos no Google].
Pois bem. Até
o instante cósmico em que a alma foi apenas alma em processo isolado
(isolado da coletividade e da materialidade tridimensional), nenhuma
circunstância comportava riscos de não-identificação ou identificação dúbia; e
a paz interior, até então suprida e ‘arejada’ pelo Criador, ‘mal’ era sentida
no sentido consciente, tal como acontece com romances duradouros, onde o grande
amor da adolescência foi substituído, com vantagem, pelo “automatismo maduro”
da franca amizade fraternal. Porém a alma encarnou e entrou no espaço
tridimensional, onde outros bilhões de almas encarnadas convivem, no mais duro
teste para a formatação da personalidade.
Os riscos
imediatos são: o isolamento provocado pelo egoísmo do endeusamento do ego e o
afrouxamento do caráter pela dispersão do totalitarismo. Estes eram os
primeiros fantasmas contra os quais Deus lutou no início, e, como o tempo para
Ele é diferente do nosso, SÃO os fantasmas mais persistentes na vida de todas
as suas criaturas humanas. Pior: a passagem do tempo cronológico só veio piorar
as coisas. O velho costume de imitar os outros, que nas crianças é sadio e
necessário, um “belo” dia foi descoberto como possibilidade de ganho
financeiro, e assim nasceu a profissão de ator (i.e., aquele que ganha dinheiro
fingindo ser outro).
O problema é
que o ente humano não tinha – e ainda não tem – a sua estrutura ontológica
perfeitamente integrada ao caráter de sua alma, e por isso a convivência social
foi planejada justamente para ajudar na auto-identificação e no amor ao
próximo, que são as duas ferramentas mestras na construção e consolidação final
do ser. Não tendo a sua estrutura ontológica integrada, uma profissão que
transformasse o fingimento num ato “normal” e rotineiro, e até pior, que desse
ao fingimento o automatismo subconsciente das virtudes consolidadas em corações
santos, fatalmente iria ferir de morte a identificação anímica do seu
praticante, com efeitos desastrosos para ele e para seu(s) próximo(s).
Portanto não
é de surpreender que a vida particular de atores a atrizes perambule por
situações extremamente perigosas e até deprimentes, cortejando uma degeneração
irreversível e dolorosa, quando não o consumo de drogas, a criminalidade e o
suicídio. Após longos anos daquilo que chamam do “fingimento técnico” da arte
da dramaturgia (que necessita de muito treino para capacitar o ator até ao
ponto de, na memorização anímica, se parecer tanto com o personagem que) a
personalidade oscila ou periclita-se para a autoanulação e autofusão, sendo
frequente o real assumir o imaginário, ou o ator assumir vida semelhante à da
personagem interpretada.
Nos países do
Terceiro Mundo então, à luz do que tem ocorrido no nosso país, o resultado dos
longos anos de massificação das novelas tem feito da nação um grande teatro de
marionetes, onde a corrupção e a imoralidade, ali expostas ad nauseam,
construíram uma grande novela chamada Brasil, ao mesmo tempo em que não se vê
mais nenhuma diferença entre as neuroses, crimes e imoralidades contidas nos
roteiros inventados com a vida real, e por isso esta mesma se tornou hoje em
dia matéria-prima dos autores, que agora apenas a copiam replicantemente, num
círculo vicioso sem fim. E pior, os próprios atores e atrizes agora são
“reais”, não apenas fazendo suas vidas particulares emergirem dos dramas
inventados para a vida social (e vice-versa), mas também assumindo os pecados
reais da sociedade sem nenhum espanto, ou com toda a naturalidade de uma
simbiose entre células.
Tome o leitor
o exemplo dos romances modernos. Entenda que o beijo cênico é treinado para ser
o mais real possível, ao ponto de os autores/diretores preferirem até que o casal
seja casado na vida real, para o beijo ser ainda mais real. Ora; quando é
marido e mulher que contracenam, a simbiose entre os atores e as personagens
que interpretam pode até não constituir efeito tão nocivo (ou não levar a
interfusões irreversíveis), uma vez que o beijo REAL entre eles até perde em
relação lógica para com a personagem interpretada, que não seria beijada
tão intensamente quanto está sendo ao ser representada por outrem. Porém, o que
dizer quando, embora casado na vida real, um homem jovem e viril se vê obrigado
a beijar uma linda atriz seminua em seus braços, tendo que fazer uma cena o
mais real possível para as exigências da boa dramaturgia?
Ora; qualquer
um de nós vê que uma situação dessas é um verdadeiro inferno para as almas
envolvidas, as quais reagirão com enorme dificuldade para conter-se (se forem
de bom caráter), e dificilmente se conterão se forem de mau caráter, como
geralmente acontece. Não é à-toa que casais de atores geralmente fazem uniões
efêmeras, assim como os que não eram casais se casam rapidamente (numa relação
insegura e frágil) e aqueles que tinham um casamento mais antigo se vêem
seriamente ameaçados pela dramaturgia, não sendo raro ouvir testemunhos –
sobretudo em consultórios de terapia conjugal – de mulheres que abdicaram da
exigência da fidelidade dos maridos (geralmente à custa de um lugar na fama ou
na conta bancária do ator) e de maridos que não perdoaram suas companheiras na
esteira natural de um “casamento aberto” ou de uma relação sem qualquer
compromisso moral.
Sei que este
arrazoado pode levar os leitores a pensar que estou defendendo ou
“justificando” a cachorrada que é a vida dos artistas, sobretudo de atores e
atrizes de novelas e romances. Não. Nada disso. O que estou contando aqui é a
razão profunda por trás da situação real que transparece todo dia nos
noticiários... Mas isso nem de longe livra essas pessoas depravadas de culpa ou
as exime do dever de fugirem dos riscos da dramaturgia, o qual traz embutido em
si o pior efeito social possível, que é contagiar e contaminar as novas
gerações com a imoralidade desenfreada, deixando obscuro o futuro de crianças e
jovens.
É claro que
os atores, mesmo que não estivessem gostando da vida imoral que levam, dirão
que não sabem fazer outra coisa no mundo, a não ser interpretar!: Tenho pra mim
que isto é uma deslavada mentira, porque a maioria dos atores têm talentos
outros invejáveis (até porque o fingimento técnico de outras profissões – e a
leitura dos enredos destas – os levam a incorporar elementos dos profissionais
interpretados), como canto, direção de filmagem, regência, jornalismo e outras
“carreiras” afins. Afinal, “uma vez inoculado, morto ou mudado”, já dizia o
provérbio do Butantan.
Só resta
correr para salvar as novas gerações, aquelas que ainda não ficaram
hipnotizadas pela teledramaturgia e pela imoralidade que infunde. Chamar de
volta a velha Educação para ocupar o lugar que merece, o primeiro lugar nos
destinos de um povo. Chamar disciplinas como Filosofia, Moral e Cívica para o
currículo educacional de todas as escolas, e até religião, se for o caso de a
Filosofia ministrada ter sido contaminada também. Enfim, é tudo agora uma luta
inglória contra um mal global e avassalador, que conta com os melhores meios de
difusão da modernidade, os quais ousaram – e conseguiram – convencer o mundo
todo de que só eles fazem a Educação útil e progre$$iva!
Como nossa
mente tem a Matriz Duplicadora do Subconsciente e nossa alma possui a Natureza
Automatizadora de Hábitos, precisamos agora de imensa fé para não cair nessa
onda de massificação, ao mesmo tempo em que devemos nos comprometer seriamente
para manter a fé de que este mundo ainda tem solução, apesar de todo o vício da
imoralidade replicado em nosso subconsciente.