SALA DE LEITURA DA EAT

SALA DE LEITURA DA EAT
Vê-se CS Lewis no Quadro Central, ladeado por seus livros, o Busto de MacDonald à direita e a "Vela do Saber" acesa.

domingo, 27 de novembro de 2011

Achados e Perdidos: mais um poema em homenagem a CS Lewis

Um poema sobre momento de vergonha dos principais apóstolos é divulgado em forma de vídeo pelo StudioJVS, e na ocasião cabe uma reflexão sobre a falibilidade humana, que poderíamos chamar de “errância”. Com efeito, além da eterna e hostil rebeldia humana, há que se encarar de frente a questão da vergonha dos atos praticados, que só faz sentido se acompanhada de verdadeiro arrependimento, sem o qual a vergonha não passa de “diversão dentro da lama”, como pinto feliz no lixo ou como a porca lavada que voltou ao lamaçal (II Pedro 2,20-22). Aliás, a propósito de citar Pedro, é dele o exemplo maior de vergonha cristã universal, ocorrida bem no meio do colégio apostólico e manchando a lembrança de Pedro para sempre (Lewis chegou a pedir perdão a Pedro pela citação da ocorrência!). Todavia, o poema agora publicado não trata especificamente dos apóstolos ou de Pedro, mas de um andarilho solitário, que em suas longas caminhadas chegou a sonhar com cenas descritas por CS Lewis e com ele mesmo, num sinal claro de haver assimilado, no âmago mais íntimo de sua mente, toda a mensagem da Magia narniana. Além do mais, a homenagem se baseia em antológico trecho do livro “Cartas a Malcolm”, a Carta VIII, na qual Jack tece o mais profundo arrazoado acerca da “Teologia da Paixão” (que trata das dores finais de Cristo) e ao final prova ser uma análise só possível ao gênio de nosso mestre irlandês. O trecho será publicado na EAT, no próximo post da Semana Lewis. O vídeo contendo o poema em questão pode ser visto em duas versões do Youtube (simples e estendida) e também se presta, prioritariamente, a prestigiar a “SEMANA LEWIS 2011”. Os leitores, irmãos e lewisianos amigos da EAT são convidados a ver o vídeo citado clicando no título deste post, e qualquer comentário em resposta será uma honra para nós.
O (IM)PRESSIONANTE TRECHO DA CARTA VIII:

[ABRE ASPAS]: Não é verdade que cada movimento da Paixão expõe de forma contundente algum elemento comum nos sofrimentos de nossa raça? Em primeiro lugar, a oração da angústia, que não é aceita. Em seguida, Ele se volta para Seus amigos. Eles estão dormindo – como os nossos, ou como nós estamos tantas vezes ou ocupados, ou distantes, ou preocupados. Depois, Ele encara a Igreja, a mesma Igreja que Ele trouxe à existência. Ela O condena. Isso também é típico. Em toda a Igreja, em toda instituição, há alguma coisa que, mais cedo ou mais tarde, trabalha contra a razão de sua própria existência. Todavia, parece haver outra possibilidade. Há o Estado, no caso, o Estado romano. Suas pretensões são muito inferiores às da igreja judaica, mas exatamente por isso ele se vê livre dos fanatismos locais. Ele diz ocupar apenas um nível rústico, mundano. Sim, mas só na medida em que isso não contrarie seu expediente político e sua “Razão de Estado”. Tornamo-nos uma ficha em um jogo complicado. No entanto, nem tudo está perdido. Existe ainda a possibilidade de apelar ao Povo – os pobres e os simples a quem Ele abençoou, a quem curou, alimentou e ensinou, a quem Ele pertence. Contudo, esse povo se tornou, da noite para o dia – não há nisso nada de excepcional – a turba assassina que pede seu sangue. Nada mais resta, portanto, senão Deus. E, para Deus, as últimas palavras de Deus foram: "Por que me abandonaste?".

Observe como é característico, sintomático, tudo isso. A situação humana posta a nu. Ser homem, entre outras coisas, é isso. Todas as cordas se rompem quando você as segura. Todas as portas se fecham quando você as alcança. É como ser a raposa que não tem para onde fugir: a terra está toda demarcada.

Em relação ao abandono final, como entendê-lo ou mesmo suportá-lo? Será porque Deus mesmo não pode ser Homem, a menos que Deus pareça sumir diante de Sua necessidade maior? E, se assim for, por quê? Às vezes, pergunto-me se, de fato, temos pelo menos uma pálida ideia do que o conceito de criação acarreta. Quando Deus criar, Ele trará algo à existência que não será Ele mesmo. Ser criado, de algum modo, significa ser ejetado ou separado. Pode-se dar o caso de que, quanto mais perfeita a criatura, tanto maior será, em algum momento, a separação? São os santos, não as pessoas comuns, os que passam pela "noite escura". São os homens e os anjos, não os animais, os que se rebelam. A matéria inanimada dorme no seio do Pai. A condição de ser oculto de Deus talvez cause maior dor ao pressionar aqueles que, sob outro aspecto, encontram-se mais próximos dEle, e portanto Deus mesmo, feito homem, será entre todos os homens aquele a quem Deus relegará ao supremo abandono? Um teólogo do século XVII disse: "Se fingisse ser visível, Deus teria tão somente enganado o mundo". Talvez Ele finja sim, um pouco, para aquelas almas simples que necessitam de uma boa medida de "consolação palpável". Sem os iludir, mas para que o cordeiro tosquiado não seja açoitado pelo vento. Claro, diferentemente de Niebuhr, não estou dizendo que o mal seja inerente à finitude. Isto identificaria a Criação com a Queda e faria de Deus o autor do mal. Contudo, talvez haja uma angústia, uma alienação, uma crucificação envolvida no ato criativo. Não obstante, Ele, o único a quem cabe julgar, julga valer a pena a distante consumação. [FECHA ASPAS].

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Hoje inicia-se mais uma SEMANA LEWIS!

Hoje inicia-se mais uma SEMANA LEWIS, e todos os lewisianos amigos estão convocados a prestigiar este evento único no calendário anual cristão, enviando suas homenagens ao nosso mestre humano, por quem, muitos de nós, somos gratos até por uma difícil conversão do ateísmo para a Vida Abundante, pela instrumentalidade de nosso "Apóstolo dos Céticos". Ficaremos no aguardo das contribuições dos irmãos e amigos, ao mesmo tempo em que pedimos a gentileza de clicarem no título deste post, para ver nossa primeira homenagem. É isso.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O que está por trás da frase “o mundo inteiro jaz no maligno”?

Esta enfática e decisiva declaração de João Evangelista (I João 5,19) sem dúvida comporta muitos sentidos profundos e portentosos para a Teologia Cristã, e sempre seria oportuna uma reflexão ou revisão de nosso entendimento do que encerra, sobretudo no ambiente de estudo de uma escola teológica. Mas um sentido específico traz uma noção assaz necessária para divulgação nesta época de caos em todas as áreas, a começar e culminar pelo caos das seitas ou da infinidade de religiões modernas, que impede a identificação do Caminho iluminado por Jesus Cristo. Afirmar que o mundo inteiro está morto sob o poder do Mal (é este o sentido literal) tanto empresta aos ateus o suposto trunfo da descrença no controle de Deus sobre o planeta, quanto permite aos crentes a posse de uma resposta-curinga para todo o sofrimento e caos da Terra, justificando, inclusive, as aberrações de violências registradas no Velho Testamento e levadas a termo ao longo da História. Para os céticos, toda a violência humana (sobretudo as atrocidades fratricidas milenares entre árabes e judeus) aparentemente aprovadas pelo Velho Testamento e pelo Alcorão, são a prova cabal de que, se Deus existir, ou ele é mau ou não tem controle sobre o mal terrestre.
Para os cristãos, toda a violência do mundo, mormente as fratricidas citadas, são a prova inequívoca de que o estado atual do mundo é o resultado de uma guerra sobre-humana e invisível, cujo início se deu ainda antes da chegada da Humanidade à Terra e cujos efeitos não podem ser impedidos, sem a interrupção brusca, “ilegal e injusta” da liberdade, que ao final redundaria na frustração total dos planos de Deus. De fato, CS Lewis disse que ao permitir o Livre-arbítrio, Deus sabia dos riscos que corria do aparecimento da maldade, mas mesmo assim julgou válido correr o risco, tão somente para possibilitar a criação de seres livres e assim capazes de retribuir-LHE amor verdadeiro, o amor voluntário. Todavia, embora até agora o Mal tenha agido “livremente” (muitas vezes até respaldado em lei, como na Torah), não será sempre assim, pois o Juízo Final virá, e na contagem regressiva de Deus, está às portas. Quem tiver dívidas com Ele neste mister, está na hora de se cuidar, pois ninguém sabe quando os ponteiros dos nossos relógios coincidirão com os ponteiros do relógio de Deus. Aviso não faltou. Se o leitor procurar no Google pelo título “O Paparazzo e Dona Saúva” verá uma conversa descontraída mas profunda sobre a questão do Livre-arbítrio. Clicando no título DESTE post, o amigo verá uma explicação simples e exata acerca dessa questão, na palavra de um presbítero da mesma igreja de CS Lewis.

sábado, 5 de novembro de 2011

Menininho viaja ao Céu e lá vê um Leão...

Teólogo de Portugal acaba de nos enviar suas impressões sobre a leitura do livro “O Céu existe mesmo: a história real do menino que esteve no céu e trouxe de lá uma mensagem” – Por TODD Burpo (com Lynn Vincent), Ed. Lua de Papel, Alfragide, 82011, pp.159 – o livro já vendeu 65.000 exemplares em 2011. Ficamos felizes quando nos deparamos com novidades literárias que nos remetem às obras de CS Lewis, sobretudo quando envolvendo personagens centrais de seus livros. Em “O Céu existe mesmo” a personagem central faz diversos relatos de sua inaudita experiência (o leitor poderá ver uma boa indicação clicando no título deste post), com toda a autoridade daqueles que podem dar a Deus perfeito louvor, a saber, as crianças. O menino Colton, de vívida inteligência, explica com detalhes a sua inefável viagem, relatando por seus olhos cristãos – o garoto é católico romano – os seus mais variados encontros no Paraíso, sem contar outros detalhes para não ser muito cansativo. É claro que contou ter visto Maria, a qual ainda trata Jesus como seu Filho amado (e ainda o é, porque o Céu é um presente eterno, e por isso, o tempo de Maria não passa como passa o nosso) e com seu amor de mãe tão caro a Jesus; contou que viu anjos com espadas na mão (protegendo o Céu de entradas furtivas de demônios) e contou, para nossa surpresa e alegria, ter visto animais por lá. Dentre estes, contou que não viu, atente bem, leões no plural, mas 1 (um) único Leão, que era – enfim – manso e humilde como Jesus Cristo. Neste caso, independente do livro “terminar bem”, vale a leitura desta obra, a qual poderá ser lida em português lusitano, pois a mesma ainda não foi publicada no Brasil. “O CÉU EXISTE MESMO” também são palavras de Jack, como vimos em seus livros “Mere Christianity”, ‘O problema do sofrimento’, “The Great Divorce” e outros. Porém, além de tudo isso, devemos dar glória a Deus que usou Lewis para nos revelar o seu Leão de Judá, aquele que aprendemos a chamar de Aslam.