SITE NETSABER PUBLICA ARTIGO DO PROF. JV:
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< http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_20318/artigo_sobre_e_proibido_falar_em_dinheiro>
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sábado, 31 de julho de 2010
SITE CITA TEXTO DO PROF. JV
VALTER VIEIRA CITA TEXTO DO PROF. JV! Confiram no LINK...
< http://www.valtervieira.com.br/artigos/36/OLHARES+E+DEDU%C3%87%C3%95ES+DA+MULHER+ATUAL%28*%29>
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... ou "colem" na barra de endereços.
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quarta-feira, 28 de julho de 2010
A PRECISÃO DO PAPEL DAS ESTÁTUAS
VERSEJANDO SOBRE A IDOLATRIA DA VISÃO E A MIOPIA DAS LETRAS
Uma era de cabeças vazias não poderia jamais ser seduzida por palavras, muito menos se elas fossem muitas e chegassem por escrito.
Estamos num tempo sem formatura, sem cultura e sem leitura, onde a visão é endeusada e só pela visão se atrai gente. Além de tudo estamos num tempo de confusão, com mil e uma igrejas na contramão, e só com uma leitura da cultura vigente, se pode pensar em salvar um cristão.
Lá pelos meados da Antiguidade cristã, vindo até à Idade Média, o mundo deu para nós um sonoro exemplo de como alcançar o coração, numa época igual à nossa, de vazio e alienação, onde também não havia interesse no amanhã, só no agora que se via e esvaía, no que encantava a observação.
Então um movimento de dentro da Igreja nascido, liderado por um ex-ministro da mais alta Teologia, julgou doutrina sadia esvaziar todo o Credo e propor uma nova igreja sem idolatria, segundo supunha o esperto mancebo crescido, que não agüentava mais juntas a fé e a corrupção.
Por sua astuta razão, também se esqueceu que cultura não é pra toda a população, querendo ou não, e assim todas as estátuas retirou e quebrou, julgando tratar-se de falso culto de falsos adoradores, inaugurando uma estranha igreja de elite e erudição para o bando de ignorantes que o idolatrou.
Não deu outra na contramão da História, que vira e mexe faz voltar os atrasos das idas e vindas da vitória da indisposição de ânimo, e ânimo apenas de quem pode comprar tudo o que vê, mas nem sempre gosta do que não vê, e assim as letras foram outra vez engavetadas e as chaves esquecidas.
E o povo voltou às trevas da ignorância e agora só valorizam aquilo que podem ver, e a única obra literária que ainda pega são revistas cheias de fotos, assim como todos vêem TV e cinema, mas ninguém lê os livros que os inspiraram, voltando ao perigoso tempo da maria-vai-com-as-outras!
Se as igrejas que hoje reclamam da presença das estátuas ainda não perceberam esta realidade da ignorância do povão e do endeusamento da visão, terminarão assim mesmo, cheias de gente que só lê um livro, se é que lêem, se é que sabem ler ou entender o que lêem, tristes porque nada vêem...
Prof. João Valente de Miranda (eatjvs@gmail.com).
Uma era de cabeças vazias não poderia jamais ser seduzida por palavras, muito menos se elas fossem muitas e chegassem por escrito.
Estamos num tempo sem formatura, sem cultura e sem leitura, onde a visão é endeusada e só pela visão se atrai gente. Além de tudo estamos num tempo de confusão, com mil e uma igrejas na contramão, e só com uma leitura da cultura vigente, se pode pensar em salvar um cristão.
Lá pelos meados da Antiguidade cristã, vindo até à Idade Média, o mundo deu para nós um sonoro exemplo de como alcançar o coração, numa época igual à nossa, de vazio e alienação, onde também não havia interesse no amanhã, só no agora que se via e esvaía, no que encantava a observação.
Então um movimento de dentro da Igreja nascido, liderado por um ex-ministro da mais alta Teologia, julgou doutrina sadia esvaziar todo o Credo e propor uma nova igreja sem idolatria, segundo supunha o esperto mancebo crescido, que não agüentava mais juntas a fé e a corrupção.
Por sua astuta razão, também se esqueceu que cultura não é pra toda a população, querendo ou não, e assim todas as estátuas retirou e quebrou, julgando tratar-se de falso culto de falsos adoradores, inaugurando uma estranha igreja de elite e erudição para o bando de ignorantes que o idolatrou.
Não deu outra na contramão da História, que vira e mexe faz voltar os atrasos das idas e vindas da vitória da indisposição de ânimo, e ânimo apenas de quem pode comprar tudo o que vê, mas nem sempre gosta do que não vê, e assim as letras foram outra vez engavetadas e as chaves esquecidas.
E o povo voltou às trevas da ignorância e agora só valorizam aquilo que podem ver, e a única obra literária que ainda pega são revistas cheias de fotos, assim como todos vêem TV e cinema, mas ninguém lê os livros que os inspiraram, voltando ao perigoso tempo da maria-vai-com-as-outras!
Se as igrejas que hoje reclamam da presença das estátuas ainda não perceberam esta realidade da ignorância do povão e do endeusamento da visão, terminarão assim mesmo, cheias de gente que só lê um livro, se é que lêem, se é que sabem ler ou entender o que lêem, tristes porque nada vêem...
Prof. João Valente de Miranda (eatjvs@gmail.com).
domingo, 25 de julho de 2010
BLOG CITA ARTIGO DO PROF. JV
Artigo "A ESTRELA DE DIAMANTE DESMORALIZA TUDO" é publicado e citado por um BLOG chamado "LAMPIÃO ATÔMICO". Nossa atitude então será nos tornarmos leitores e “seguidores” daquele Blog, okay? (Se os amigos e irmãos quiserem conferir, cliquem em ou digitem "LAMPIAO ATOMICO" no GOOGLE e lá poderão ler o artigo). Vamos lá...
domingo, 10 de janeiro de 2010
A RAZÃO PROFUNDA DA COMPULSÃO SEXUAL
A RAZÃO PROFUNDA DA COMPULSÃO SEXUAL
Como CS Lewis revelou e explicou a origem do sexocentrismo moderno
“O fato público e notório da exacerbada obsessão com que os homens se hipnotizam com o sexo faz gritante contraste com a ignorância crassa acerca da razão precípua dessa obsessão”. Ou seja, ao tempo em que todo mundo vê a fome irresistível do orgasmo, a rigor ninguém descobriu o motivo profundo de tal sofreguidão se constituir em verdadeiro vício vexatório. Ninguém, vírgula, perdão, somente um viu. De quem se trata? Quem teria tido tal lucidez e isenção?
Trata-se de CS Lewis, o ilustre mestre cristão irlandês. De origem e época tão filosoficamente distantes de nós, ele foi aquele que deu a resposta para a vergonhosa compulsão sexual que infesta todas as mídias da Era das Comunicações. E ele o fez de modo tão belo e tocante que mereceu, literalmente, uma canção de homenagem à sua luminosa inspiração (ouça a canção legendada no link fornecido ao final).
O que CS Lewis alegou? Nas palavras dele, a resposta está aqui: “...‘As criaturas não nascem com desejos que não possam ser satisfeitos. Um bebê sente fome; pois bem, existe uma cousa chamada alimento. Um patinho deseja nadar; pois bem, existe uma cousa chamada água. Os homens sentem o desejo sexual; pois bem, existe uma cousa chamada sexo. Agora, se encontro em mim um desejo que nenhuma experiência deste mundo pode satisfazer [nem mesmo a sexual], a explicação mais provável é que eu fui feito para um outro mundo!’. Assim, se nenhum dos prazeres terrenos o satisfaz, isso não prova que o universo seja uma fraude. Provavelmente, os prazeres terrestres nunca foram destinados a satisfazê-lo, mas unicamente a suscitá-lo, a sugerir ou insinuar esse verdadeiro bem. ‘Se assim é, é preciso tomar cuidado, de um lado, para nunca desprezar ou mostrar-me ingrato para com essas bênçãos terrenas e, de outro lado, para não as confundir com a verdadeira ‘coisa’ da qual elas não passam de uma espécie de cópia, ou eco, ou miragem ingrata’.” [Colchete e grifos nossos].
Assim Lewis descortina a verdade sobre a compulsão sexual: ela é produto da falta e da saudade profunda da Alegria do Paraíso, perdido na tresloucada decisão que gerou a Queda do Homem, momento divisor de águas de toda a História universal. Ali, quando a Humanidade decidiu, por livre e espontânea vontade, apostar que poderia ser feliz “sem um deus que lhe ditasse regras” (grosso modo), perdeu de vez o vínculo com o Prazer profundo e auto-suficiente que o Amor Divino proporciona, fazendo surgir no seu lugar, no vazio da ausência de Deus, uma fome louca de compensação psíquica para a solidão de sua alma, a qual a rigor o sexo jamais satisfaz (por óbvio: por ser um veículo de prazer físico, jamais pode preencher o vazio espiritual da ausência de Deus).
Eis aí explicada a exacerbada e luxuriosa fome de sexo que se vê em toda a Mídia e em toda parte nos 4 cantos do mundo, destruindo a moralidade e infringindo leis, que vão da simples pornografia à pedofilia.
Triste (sub)mundo este nosso, que seqüestra os melhores anos da infância e da adolescência, obrigando crianças e jovens à precocidade nas piores taras da vida adulta, e pondo em dúvida a durabilidade desta civilização. Triste planeta este nosso, que lembra o trecho de outra linda canção que dizia “um asteróide pequeno que todos chamam de Terra”. Mas é com a música que homenageou a inspiração de CS Lewis que encerramos esta reflexão.
[Ouça a música aqui: http://www.youtube.com/watch?v=lWMBJ-sdft0].
Prof. João Valente de Miranda.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
POEMA DE NATAL PARA 25/DEZEMBRO/2009
UM LEÃO NA MANJEDOURA
Seguimos uma estranha luz
que apontava para onde ir,
e a chamamos “nave de Jesus”
por indicar a quem servir.
Ao chegarmos ao lugarejo,
fomos ao lugar onde o gado
comia feno e produzia queijo
e sem dúvida fedia um bocado.
Ao nos prostrarmos ao Menino,
levamos um susto medonho:
Estava ali um enorme felino
Igual ao que vi num sonho...
Era um grande Leão dourado
que a qualquer um assustaria.
Pior foi que o Bebê ali deitado
já não chorava, mas rugia...
Pois não era um Bebê comum,
e muito menos aquele Leão,
que também estava a louvar.
Ele cantava “Eu e o Pai somos um,
e uma lança passará meu coração,
mas em três dias vou ressuscitar!”.
A SEGUNDA VINDA COMO ADVENTO
Para a Igreja Católica Romana, estamos agora no período do Advento, e este é, para Roma, quase exclusivamente associado ao Natal, ou à primeira vinda de Jesus. Todavia o Advento também se refere à Segunda Vinda, chamada “parousia” ou simplesmente parusia, em termos teológicos (o saudoso poeta Costa Matos escreveu o mais belo poema acerca do Advento, o qual oferecemos após este texto).
O que nos espantou nestas últimas semanas, depois de um curso de catequese onde pudemos examinar o zelo eclesial romano, foi uma descoberta impressionante e digna de nota, digo, de nota baixa. Ela pode ser exposta pela seguinte sentença: “A Igreja Católica Romana congelou ou eliminou o seu discurso escatológico porque descobriu uma denúncia bíblica contra ela mesma”. Será verdade? Vejamos.
Para um clero proselitista e auto-eleito único sacerdócio divino na Terra, a Igreja também é elemento salvífico, porquanto tem o seu Sacramental como único canônico, como se Deus “esperasse” pelos padres de Roma para ter uma chance de se fazer “carne verdadeira comida e sangue verdadeira bebida” na mesa eucarística. Porém como a fé é sempre benigna (Rm 14,22-23), não entraremos no mérito da igreja como elemento salvífico, porquanto cremos que tal juízo cabe a Deus.
Entretanto esta noção de elemento salvífico levou a Igreja a acreditar que a 2a Vinda não é bem assim uma “parusia”, ou uma “mega-apoteose dantesca”, na qual a Humanidade (pelo menos numa geração próxima), em profunda agonia pelo caos total das vésperas do fim, iria poder ver com os próprios olhos a chegada da Comitiva de Jesus nos ares, iluminando toda a Terra e as nuvens com sua Glória e brilho inefáveis. Esta noção veio em razão da idéia de que, se a Igreja está salvando almas, se o próprio Cristo se dá por inteiro em cada Hóstia, e se o encontro com Cristo ocorre na verdade é num átimo após a morte, então concluíram o absurdo teológico de que “a parusia, como apoteose, a rigor, é desnecessária, e se Jesus demorar outros milhões de anos, as almas não sentirão nenhuma falta daquele momento apoteótico”. Isto até pode ser verdade em relação a se sentir falta da apoteose, sem dúvida, embora Lucas chame a parusia de nossa “redenção” (Lc 21.28). Mas não é este o ponto a refletir.
O que estamos dizendo é que o afastamento deliberado da proximidade da parusia para o futuro longínquo embute a estratégia proselitista de manter o Templo até às últimas conseqüências, evitando ter que responder à responsabilidade de mudar a metodologia em face do caos do fim, no qual a fé já não existe (Lc 18,8) e muito menos o amor (Mt 24,12), sem os quais não há como manter viva uma igreja nos moldes atuais da hierarquia romana.
E qual é o texto bíblico onde está a denúncia que a Igreja de Roma temeu e “congelou”? Encontra-se nos dois primeiros versículos do cap. 24 de Mateus, e pasmem, bem no início do chamado “Sermão Profético de Jesus”. Ali os apóstolos, ao entrar no Templo, ficaram fascinados pela suntuosidade daquelas construções magníficas e começaram a elogiar tais belezas para Jesus. O Mestre, sem pestanejar, e quase bruscamente, respondeu: “Vocês estão vendo estas belas construções? Pois eu vos digo que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada!”. O leitor sentiu a força da resposta de Jesus e até um certo ar de revolta embutida na irrupção do Mestre? E por que Jesus reagiu assim?...
Eis aí a razão exposta. Jesus antevia os últimos dias do mundo, naquela geração perversa e corrupta onde a fé e o amor já terão passado, e onde o Templo (as igrejas feitas por mãos humanas) não teria mais razão de existir, conquanto instrumento de um culto mixado ao pecado e evangelização infrutífera, que a figueira queimada por Jesus tão bem exemplifica. Eis aí porque a Igreja Romana não prega mais a parusia, pois viu que a profecia anti-templo se aplica direitinho a ela mesma, numa prova de que não é tão necessária como se julga ser. [É claro que há exceções, e alguns padres de fato pregaram a parusia, “pagando caro”, e o link (Aqui ) mostra um raro exemplo de sacerdote que ousou reaproveitar uma luminosa inspiração do Rei Roberto Carlos].
Por tudo isso, se alguém quiser ouvir falar aquela velha e tão doce voz que diz “Cristo está voltando, prepara-te”, vai ter que ir a uma igreja protestante mais “atenta”, e talvez do tipo mais fanática, infelizmente. Ali, pelo menos neste mister, ainda se pode ouvir “o clarim que chama os crentes à batalha”.
..................................Prof. João Valente de Miranda.
SERMÃO DO PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO
(José Costa Matos)
Já existem sinais,
no céu e na Terra.
Só se salvarão os que escutarem,
na mudez da semente,
as canções da árvore
que ainda vai nascer...
Então, fica comigo.
É preciso que amanheçam todos os caminhos
que anoiteceram na tristeza dos homens irmãos.
E, juntos, nós dois já sabemos rezar
as cantigas que ainda estão madrugando
nos olhos de Deus.
Fica comigo.
O mar já entrou nas nossas vidas
e uniu os nossos dois países
no abraço das navegações
de enriquecimentos recíprocos.
E ninguém consegue
apagar o mar nas cartas geográficas!
O céu desceu sobre as nossas cabeças
e está cantando, muito mais forte,
a Dança de obediência das constelações.
E ninguém jamais matou uma estrela!
Fica comigo.
Quando quisermos,
o Cruzeiro do Sul caberá nas mãos das crianças,
para que todos os nascidos das tuas entranhas
sejam benditos e tenham luz e tenham perdão
nas palavras que disserem,
no jornadeio pregador dos apóstolos.
E ninguém deve calar a Palavra que é PEDRA
na construção do Sermão da Montanha!
Fica comigo.
Quando chegarem os ventos
que vêm do fundo dos séculos,
eles gritarão as perguntas
do que fomos e do que fizemos.
Nesse dia,
AI! DE QUEM NÃO DECIFROU
A INTENÇÃO SECRETA DOS
ENCONTROS HUMANOS!
POIS NINGUÉM JAMAIS
ENCONTROU ALGUÉM
POR ORDEM DO ACASO.
Eu já não te peço mais por mim.
É que pressinto o machado
pendente sobre a raiz da árvore.
Talvez eu já nem saiba mais ficar contigo.
Mas, fica.
Se não houver beleza para o deslumbramento
dos teus olhos;
se o sol não parar
sobre o Domingo de Ramos da tua alegria;
se, depois de todas as colheitas,
ainda ficares de mãos vazias...
Então, vai,
na brancura da tua paz.
O que nos espantou nestas últimas semanas, depois de um curso de catequese onde pudemos examinar o zelo eclesial romano, foi uma descoberta impressionante e digna de nota, digo, de nota baixa. Ela pode ser exposta pela seguinte sentença: “A Igreja Católica Romana congelou ou eliminou o seu discurso escatológico porque descobriu uma denúncia bíblica contra ela mesma”. Será verdade? Vejamos.
Para um clero proselitista e auto-eleito único sacerdócio divino na Terra, a Igreja também é elemento salvífico, porquanto tem o seu Sacramental como único canônico, como se Deus “esperasse” pelos padres de Roma para ter uma chance de se fazer “carne verdadeira comida e sangue verdadeira bebida” na mesa eucarística. Porém como a fé é sempre benigna (Rm 14,22-23), não entraremos no mérito da igreja como elemento salvífico, porquanto cremos que tal juízo cabe a Deus.
Entretanto esta noção de elemento salvífico levou a Igreja a acreditar que a 2a Vinda não é bem assim uma “parusia”, ou uma “mega-apoteose dantesca”, na qual a Humanidade (pelo menos numa geração próxima), em profunda agonia pelo caos total das vésperas do fim, iria poder ver com os próprios olhos a chegada da Comitiva de Jesus nos ares, iluminando toda a Terra e as nuvens com sua Glória e brilho inefáveis. Esta noção veio em razão da idéia de que, se a Igreja está salvando almas, se o próprio Cristo se dá por inteiro em cada Hóstia, e se o encontro com Cristo ocorre na verdade é num átimo após a morte, então concluíram o absurdo teológico de que “a parusia, como apoteose, a rigor, é desnecessária, e se Jesus demorar outros milhões de anos, as almas não sentirão nenhuma falta daquele momento apoteótico”. Isto até pode ser verdade em relação a se sentir falta da apoteose, sem dúvida, embora Lucas chame a parusia de nossa “redenção” (Lc 21.28). Mas não é este o ponto a refletir.
O que estamos dizendo é que o afastamento deliberado da proximidade da parusia para o futuro longínquo embute a estratégia proselitista de manter o Templo até às últimas conseqüências, evitando ter que responder à responsabilidade de mudar a metodologia em face do caos do fim, no qual a fé já não existe (Lc 18,8) e muito menos o amor (Mt 24,12), sem os quais não há como manter viva uma igreja nos moldes atuais da hierarquia romana.
E qual é o texto bíblico onde está a denúncia que a Igreja de Roma temeu e “congelou”? Encontra-se nos dois primeiros versículos do cap. 24 de Mateus, e pasmem, bem no início do chamado “Sermão Profético de Jesus”. Ali os apóstolos, ao entrar no Templo, ficaram fascinados pela suntuosidade daquelas construções magníficas e começaram a elogiar tais belezas para Jesus. O Mestre, sem pestanejar, e quase bruscamente, respondeu: “Vocês estão vendo estas belas construções? Pois eu vos digo que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada!”. O leitor sentiu a força da resposta de Jesus e até um certo ar de revolta embutida na irrupção do Mestre? E por que Jesus reagiu assim?...
Eis aí a razão exposta. Jesus antevia os últimos dias do mundo, naquela geração perversa e corrupta onde a fé e o amor já terão passado, e onde o Templo (as igrejas feitas por mãos humanas) não teria mais razão de existir, conquanto instrumento de um culto mixado ao pecado e evangelização infrutífera, que a figueira queimada por Jesus tão bem exemplifica. Eis aí porque a Igreja Romana não prega mais a parusia, pois viu que a profecia anti-templo se aplica direitinho a ela mesma, numa prova de que não é tão necessária como se julga ser. [É claro que há exceções, e alguns padres de fato pregaram a parusia, “pagando caro”, e o link (Aqui
Por tudo isso, se alguém quiser ouvir falar aquela velha e tão doce voz que diz “Cristo está voltando, prepara-te”, vai ter que ir a uma igreja protestante mais “atenta”, e talvez do tipo mais fanática, infelizmente. Ali, pelo menos neste mister, ainda se pode ouvir “o clarim que chama os crentes à batalha”.
..................................Prof. João Valente de Miranda.
SERMÃO DO PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO
(José Costa Matos)
Já existem sinais,
no céu e na Terra.
Só se salvarão os que escutarem,
na mudez da semente,
as canções da árvore
que ainda vai nascer...
Então, fica comigo.
É preciso que amanheçam todos os caminhos
que anoiteceram na tristeza dos homens irmãos.
E, juntos, nós dois já sabemos rezar
as cantigas que ainda estão madrugando
nos olhos de Deus.
Fica comigo.
O mar já entrou nas nossas vidas
e uniu os nossos dois países
no abraço das navegações
de enriquecimentos recíprocos.
E ninguém consegue
apagar o mar nas cartas geográficas!
O céu desceu sobre as nossas cabeças
e está cantando, muito mais forte,
a Dança de obediência das constelações.
E ninguém jamais matou uma estrela!
Fica comigo.
Quando quisermos,
o Cruzeiro do Sul caberá nas mãos das crianças,
para que todos os nascidos das tuas entranhas
sejam benditos e tenham luz e tenham perdão
nas palavras que disserem,
no jornadeio pregador dos apóstolos.
E ninguém deve calar a Palavra que é PEDRA
na construção do Sermão da Montanha!
Fica comigo.
Quando chegarem os ventos
que vêm do fundo dos séculos,
eles gritarão as perguntas
do que fomos e do que fizemos.
Nesse dia,
AI! DE QUEM NÃO DECIFROU
A INTENÇÃO SECRETA DOS
ENCONTROS HUMANOS!
POIS NINGUÉM JAMAIS
ENCONTROU ALGUÉM
POR ORDEM DO ACASO.
Eu já não te peço mais por mim.
É que pressinto o machado
pendente sobre a raiz da árvore.
Talvez eu já nem saiba mais ficar contigo.
Mas, fica.
Se não houver beleza para o deslumbramento
dos teus olhos;
se o sol não parar
sobre o Domingo de Ramos da tua alegria;
se, depois de todas as colheitas,
ainda ficares de mãos vazias...
Então, vai,
na brancura da tua paz.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
UMA VERDADEIRA ESCOLA DE APROFUNDAMENTO TEOLÓGICO
UMA VERDADEIRA ESCOLA DE APROFUNDAMENTO TEOLÓGICO
Como este articulista conheceu CS Lewis e como a Palavra de Deus explanada por ele enseja a Humanidade a dar um salto de qualidade espiritual nunca antes dado por nenhum outro hermeneuta bíblico.
O ano é 1965, dois anos após a morte de CS Lewis (22/11/63), maior autor cristão da história moderna. O pastor americano Burton DeWolfe Davis, fundador do Colégio Batista Santos Dumont, “A Escola da Vida” de Fortaleza-CE, faz a apresentação formal do escritor irlandês para os alunos recém-chegados ao colégio, dando uma palestra com base no livro “A Razão do Cristianismo” (no original em inglês “Mere Christianity”). E não parava por aí, dando exemplo de interesse literário a todo o corpo discente e docente da época, trazendo para uma Fortaleza ainda ingênua o bom costume americano/europeu de estudar com seriedade.
Como um verdadeiro pioneiro no Ceará, ele também havia fundado a Primeira Igreja Batista de Fortaleza no início da década de 50, e jamais perdeu a sua originalidade como pesquisador de temas profundos da teologia, como demonstrou anos depois no Salão Nobre do colégio por ele fundado. Ali, naquelas manhãs e tardes fagueiras, de saudades mil, Pr. Davis levou todas as turmas a travar contato com um tema até então pouco debatido, sobretudo em escolas protestantes. Era o tema da Ufologia, que ele não tinha medo de abordar, mesmo levando assuntos tão difíceis e aterradores (para crianças e adultos) como o drama das abduções.
Levava fitas K-7 com gravações de abduzidos, mostrava fotos de UFOs, livros insólitos e até a explanação bíblica de eventos ufológicos narrados pelos autores canônicos (coisa impensável na maioria das igrejas até hoje), até “proibidos”, num certo sentido. O grande pastor marcou cada aluno e professor com sua coragem, descontração e pureza de fé, com a qual agradou a Deus na sua paixão literária, onde CS Lewis ocupava o topo da sua lista de livros de cabeceira.
Contou sobre Lewis, também conhecido por “Jack”, coisas tão profundas e íntimas que muitas vezes chegamos a pensar que Davis era um biógrafo do irlandês, ou talvez fosse alguém que conhecera Jack pessoalmente, em suas idas ao Reino Unido. E sua admiração até então incomum por ele (que o leitor jamais a confunda com idolatria) tinha respaldo em sua própria vida, pois ele dizia que Lewis foi um dos responsáveis pela solidez de sua fé, a qual, sob certos aspectos, suplantou até a promovida pela Palavra de Deus (quem conhece bem Lewis não negará tal possibilidade).
Ao apresentar CS Lewis a este articulista, jamais deixou de referir-se a outros grandes nomes da literatura evangélica mundial, dentre eles Billy Graham, Dom Richardson, Tim Lahaye, A.W. Tozer, S. Kierkegaard, B. Pascal, David Wilkerson, J. I. Packer, T. S. Eliot, John Bunyan, Rick Warren, C. H. Spurgeon, Dwight L. Moody, John Milton, John Wesley, John Stott e tantos outros que a memória levou, mas pontuando sua admiração pela contribuição de cada um a uma visão bíblica menos “bitolada” aos credos particulares de suas denominações. Ensinou-me a ver em trechos como “examinai tudo e retende o que é bom” a licença bíblica para a pesquisa irrestrita das fontes do Sagrado, explicando que Paulo, Timóteo, Lucas, João e tantos outros santos eram estudiosos e exegetas, sem qualquer restrição de cunho eclesial.
Entretanto, nada se comparava às declarações bombásticas que fazia acerca de Lewis, o qual para ele podia perfeitamente ter recebido instruções do próprio Deus e por isso era um “porta-voz diferenciado”. Chegou mesmo a dizer que quando um crente lê toda aquela gente (as inúmeras obras evangélicas à venda nas livrarias) recebe deles no máximo “lições didáticas para reforçar a visão dada pelas igrejas a que pertencem os autores”, enquanto que quando alguém lê CS Lewis “está diante de uma verdadeira escola de aprofundamento teológico ou DENTRO dela, com o próprio Jesus a segurar o giz e a dar aulas no quadro negro”. Sendo então uma aula do próprio Deus, não haveria como atrelá-la compulsoriamente a um credo eclesial particular, mesmo que algumas denominações reivindiquem tal privilégio dogmaticamente. Ele dizia que nem Lutero, nem Roma, nem a Rainha da Inglaterra nem ninguém recebeu de Deus Revelação capaz de outorgar o privilégio da exclusividade hermenêutica da Bíblia, e em CS Lewis essa liberdade de consciência ficava patente e soberana.
Este articulista teve, isso sim, o privilégio de ter tido o pastor Davis como mestre e diretor de uma escola como a de Paulo, educado aos pés de Gamaliel, e ainda mais honrado por ter sido por ele apresentado a CS Lewis, sem qualquer ingerência clerical ou influência denominacional, nem mesmo da própria igreja dele, a Batista Tradicional. Hoje só guardo as melhores lembranças da época, as quais vêm reforçar os ensinamentos de Lewis no exemplo de vida do Pr. Davis, que 'conheceu' Lewis ainda vivo e talvez “ao vivo”, coisa com a qual eu, infelizmente, não fui agraciado. Porém como o próprio Jack faria (tirar o corpo fora para que Jesus ficasse em evidência), graça especial foi ter conhecido Lewis, de quem eu posso dizer: o que seria de minha fé sem ele?...
Prof. João Valente de Miranda.
Como este articulista conheceu CS Lewis e como a Palavra de Deus explanada por ele enseja a Humanidade a dar um salto de qualidade espiritual nunca antes dado por nenhum outro hermeneuta bíblico.
O ano é 1965, dois anos após a morte de CS Lewis (22/11/63), maior autor cristão da história moderna. O pastor americano Burton DeWolfe Davis, fundador do Colégio Batista Santos Dumont, “A Escola da Vida” de Fortaleza-CE, faz a apresentação formal do escritor irlandês para os alunos recém-chegados ao colégio, dando uma palestra com base no livro “A Razão do Cristianismo” (no original em inglês “Mere Christianity”). E não parava por aí, dando exemplo de interesse literário a todo o corpo discente e docente da época, trazendo para uma Fortaleza ainda ingênua o bom costume americano/europeu de estudar com seriedade.
Como um verdadeiro pioneiro no Ceará, ele também havia fundado a Primeira Igreja Batista de Fortaleza no início da década de 50, e jamais perdeu a sua originalidade como pesquisador de temas profundos da teologia, como demonstrou anos depois no Salão Nobre do colégio por ele fundado. Ali, naquelas manhãs e tardes fagueiras, de saudades mil, Pr. Davis levou todas as turmas a travar contato com um tema até então pouco debatido, sobretudo em escolas protestantes. Era o tema da Ufologia, que ele não tinha medo de abordar, mesmo levando assuntos tão difíceis e aterradores (para crianças e adultos) como o drama das abduções.
Levava fitas K-7 com gravações de abduzidos, mostrava fotos de UFOs, livros insólitos e até a explanação bíblica de eventos ufológicos narrados pelos autores canônicos (coisa impensável na maioria das igrejas até hoje), até “proibidos”, num certo sentido. O grande pastor marcou cada aluno e professor com sua coragem, descontração e pureza de fé, com a qual agradou a Deus na sua paixão literária, onde CS Lewis ocupava o topo da sua lista de livros de cabeceira.
Contou sobre Lewis, também conhecido por “Jack”, coisas tão profundas e íntimas que muitas vezes chegamos a pensar que Davis era um biógrafo do irlandês, ou talvez fosse alguém que conhecera Jack pessoalmente, em suas idas ao Reino Unido. E sua admiração até então incomum por ele (que o leitor jamais a confunda com idolatria) tinha respaldo em sua própria vida, pois ele dizia que Lewis foi um dos responsáveis pela solidez de sua fé, a qual, sob certos aspectos, suplantou até a promovida pela Palavra de Deus (quem conhece bem Lewis não negará tal possibilidade).
Ao apresentar CS Lewis a este articulista, jamais deixou de referir-se a outros grandes nomes da literatura evangélica mundial, dentre eles Billy Graham, Dom Richardson, Tim Lahaye, A.W. Tozer, S. Kierkegaard, B. Pascal, David Wilkerson, J. I. Packer, T. S. Eliot, John Bunyan, Rick Warren, C. H. Spurgeon, Dwight L. Moody, John Milton, John Wesley, John Stott e tantos outros que a memória levou, mas pontuando sua admiração pela contribuição de cada um a uma visão bíblica menos “bitolada” aos credos particulares de suas denominações. Ensinou-me a ver em trechos como “examinai tudo e retende o que é bom” a licença bíblica para a pesquisa irrestrita das fontes do Sagrado, explicando que Paulo, Timóteo, Lucas, João e tantos outros santos eram estudiosos e exegetas, sem qualquer restrição de cunho eclesial.
Entretanto, nada se comparava às declarações bombásticas que fazia acerca de Lewis, o qual para ele podia perfeitamente ter recebido instruções do próprio Deus e por isso era um “porta-voz diferenciado”. Chegou mesmo a dizer que quando um crente lê toda aquela gente (as inúmeras obras evangélicas à venda nas livrarias) recebe deles no máximo “lições didáticas para reforçar a visão dada pelas igrejas a que pertencem os autores”, enquanto que quando alguém lê CS Lewis “está diante de uma verdadeira escola de aprofundamento teológico ou DENTRO dela, com o próprio Jesus a segurar o giz e a dar aulas no quadro negro”. Sendo então uma aula do próprio Deus, não haveria como atrelá-la compulsoriamente a um credo eclesial particular, mesmo que algumas denominações reivindiquem tal privilégio dogmaticamente. Ele dizia que nem Lutero, nem Roma, nem a Rainha da Inglaterra nem ninguém recebeu de Deus Revelação capaz de outorgar o privilégio da exclusividade hermenêutica da Bíblia, e em CS Lewis essa liberdade de consciência ficava patente e soberana.
Este articulista teve, isso sim, o privilégio de ter tido o pastor Davis como mestre e diretor de uma escola como a de Paulo, educado aos pés de Gamaliel, e ainda mais honrado por ter sido por ele apresentado a CS Lewis, sem qualquer ingerência clerical ou influência denominacional, nem mesmo da própria igreja dele, a Batista Tradicional. Hoje só guardo as melhores lembranças da época, as quais vêm reforçar os ensinamentos de Lewis no exemplo de vida do Pr. Davis, que 'conheceu' Lewis ainda vivo e talvez “ao vivo”, coisa com a qual eu, infelizmente, não fui agraciado. Porém como o próprio Jack faria (tirar o corpo fora para que Jesus ficasse em evidência), graça especial foi ter conhecido Lewis, de quem eu posso dizer: o que seria de minha fé sem ele?...
Prof. João Valente de Miranda.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
RESPONDENDO A UM IRMÃO CATÓLICO-ROMANO SOBRE LEWIS
PREZADO ANGUETH:
Tomo por base o seguinte e-mail com sua resposta para respondê-lo em seguida, ok? Veja. Você escreveu:
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
Caro anônimo,
Lewis não ser católico é para mim também um mistério. Principalmente porque, segundo o próprio Lewis, o que o converteu ao cristianismo, foi o livro "O Homem Eterno" de Chesterton. Porque ele se tornou anglicano e não católico é um mistério e uma pena.
No entanto, conheço muito poucos livros tão profundamente cristãos quanto o Mero Cristianismo. Conheço muito poucos livros que expressam a psicologia cristã dos grandes santos e Padres da Igreja quanto "Cartas a um Jovem Diabo".
Mas lembre-se, Deus serve-se das mais diversas pessoas para Seus projetos. Quem sabe Ele não se serviu de Lewis para aproximar muitas pessoas do catolicismo, pessoas estas que não leriam um escritor católico, mas que leu Lewis com muito gosto.
Muito obrigado pelas palavras sobre meu blog. Reze por mim.
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
Respondo-lhe:
Não há mistério algum em Lewis não ser católico ROMANO. Lewis é católico (católico = universal) como todos os cristãos, mas comunga na Comunhão Anglicana, com todo o direito a ele outorgado pelo Espírito de Deus, que sopra aonde quer (Jo 3,8), sem cores denominacionais, na plenitude do chamado “ecumenismo celestial”. Eu também sou católico mas não ROMANO, e creio que já chegou o tempo em que a Igreja de Roma precisa assumir de vez a postura do humaníssimo Papa João XXIII, de abertura suprapartidária do Cristianismo, como deseja o coração ecumênico de Deus. Já passou a época daquela aberração doutrinária que dizia “fora da igreja não há salvação”, e todos nós católicos deveríamos abominar quem ainda pensa assim. Em Lewis não ser ROMANO não há pecado algum, assim como não há pecado em gostar ou não de pizza, e quando subirmos ao Céu, ninguém terá na testa o título “Católico Romano”, 'Batista', “Metodista”, 'Presbiteriano', ou coisa que o valha. Temos, sim, todos nós, que abolir de vez este bairrismo proselitista que elege uma igreja como única, ou como única correta, lembrando que quando Jesus disse a Pedro que sobre esta Pedra ele edificaria a Igreja dEle, não havia ainda o “Catolicismo ROMANO” (que nasceu séculos depois) e muito menos a figura papal, que o Romanismo quer atribuir a Pedro, naquilo que em Teologia chamamos de “cirurgia hermenêutica”. Além do mais, a “Pedra” era Cristo, É Cristo, e não Pedro (I Co 10,4).
SIM. Lewis se converteu ao cristianismo pelo livro "O Homem Eterno" de Chesterton, é verdade. Porém se converter ao Cristianismo é que importa, e não ao Catolicismo ROMANO. Pois Lewis se converteu do ateísmo ao “Catolicismo Cristão”, que é a igreja, digamos assim, “invisível” de Jesus, aquela não feita por mãos humanas, única que realmente salva almas (ao contrário, para as que foram feitas por mãos humanas, Jesus fez uma dura profecia: Mt 24,1-2). Quanto ao que você disse: “porque ele se tornou anglicano e não católico é um mistério e uma pena”, é visível a sua idéia de que se não for católico ROMANO não está certo. E não há pena nem mistério algum, veja: eu também não sou católico ROMANO, e por minha decisão você poderá entender porque Lewis jamais aderiu ao Romanismo. A resposta é: justamente por ser uma Igreja que se coloca ela própria como SALVADORA, como se fosse o próprio Deus, como se as chaves dadas a Pedro fossem chaves dadas exclusivamente ao clero ROMANO e não a todos os cristãos legítimos; por ser uma Igreja que tem atualmente um líder (Ratzinger) que se julga único representante de Deus na Terra, mas que não foi capaz de calar as suspeitas de maracutaias na sua própria eleição; por ser uma organização ao mesmo tempo religiosa e política, Estatal, com poder temporal, secular e vertical, exatamente como há nos quartéis. Finalmente, nem eu nem Lewis somos Romanos porque vimos até onde a Igreja de Roma chegou, com sua auto-eleição teocrática, ao ponto de mandar queimar hereges e bruxas, tirando da pessoa humana o direito ao livre-pensar e até proibindo a humanidade de ler a Bíblia. Por isso, eu e Lewis cremos que, embora não sejamos evangélicos, o movimento iniciado com Lutero foi sim obra do Espírito Santo (autor e consumador da gloriosa liberdade dos filhos de Deus – Rm 8,21 e II Co 3,17), com o intuito de coibir a escalada decrescente da Moral da Igreja, a qual levou os próprios “representantes” de Deus à simonia, à sodomia e à aberração da venda de indulgências, cuja vergonha chocaria até São Francisco, o qual também revoltou-se contra as imoralidades e prevaricações da Igreja, em época muito anterior a Lutero (a diferença entre Francisco e Lutero foi apenas a coragem lúcida do segundo e a obediência temerosa do primeiro, que não encontrou em si coragem para seguir a idéia de São Pedro, expressa em Atos 5,29).
Depois você escreveu: “No entanto, conheço muito poucos livros tão profundamente cristãos quanto o Mero Cristianismo. Conheço muito poucos livros que expressam a psicologia cristã dos grandes santos e Padres da Igreja quanto "Cartas a um Jovem Diabo".” De fato é verdade. Lewis é o máximo. Todavia quando falamos em grandes santos e padres precisamos nos lembrar que naquela época, na Patrística, a igreja ainda era única, somente cristã, e por isso nem se pode avaliar o que teria ocorrido com a psicologia daqueles homens se tivessem lido Lewis APÓS a Reforma. Porquanto tenho certeza de que você sabe que, assim como não se pode avaliar a vontade popular num regime de partido único, também não se pode avaliar o Cristianismo com uma única igreja, ditando regras “pétreas” (nos dois sentidos) de auto-perpetuação no poder, e agindo como qualquer ditadura mundana.
Finalmente, no último parágrafo você acertou em cheio. Você disse: “Deus serve-se das mais diversas pessoas para Seus projetos. Quem sabe Ele não se serviu de Lewis para aproximar muitas pessoas do catolicismo, pessoas estas que não leriam um escritor católico, mas que leu Lewis com muito gosto”. Sim! Pimba! Eureca! Lewis é o maior apologeta cristão de todos os tempos, e certamente ninguém no mundo ajudou mais à 'evangelização-consciente' do que ele! Deus, de fato, perdoe-me a expressão, o usou de cabo a rabo, e Lewis é católico, só que não ROMANO!... E de fato, Lewis fez muitos protestantes conhecerem o catolicismo (não o Romanismo nem o Romanicalismo) e fez também muitos ateus crerem em Deus, como o Espírito Santo costuma fazer quando usa seus legítimos profetas! Todavia, irmão, a Igreja de Roma continua encarando-se acima de onde deveria se colocar, como se Jesus tivesse rótulo de católico na testa! E Lewis viu tudo isso, ao ponto de, em sua santa humildade, jamais tratar especificamente de sua própria igreja, bancando o proselitista romano! Este é o Lewis que amo, e a quem imito fielmente, como os primeiros cristãos imitavam Paulo, e não Pedro (I Co 11,1).
Não me leve a mal. Nunca li um depoimento romano tão pertinente quanto o seu. E se você também amou Lewis, então é meu irmão legítimo, e também creio que Deus o está olhando com bons olhos, como eu, surpreso e alegre por ver Lewis frutificar até na hermética Igreja de Roma.
Comemore conosco a “Semana Lewis”, de 22 a 29/11/2009 (grupodeamigosdocslewis@yahoogroups.com).
Por tudo, receba um forte abraço fraterno, pois somos todos filhos amados de Cristo.
Prof. JV.
Tomo por base o seguinte e-mail com sua resposta para respondê-lo em seguida, ok? Veja. Você escreveu:
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Caro anônimo,
Lewis não ser católico é para mim também um mistério. Principalmente porque, segundo o próprio Lewis, o que o converteu ao cristianismo, foi o livro "O Homem Eterno" de Chesterton. Porque ele se tornou anglicano e não católico é um mistério e uma pena.
No entanto, conheço muito poucos livros tão profundamente cristãos quanto o Mero Cristianismo. Conheço muito poucos livros que expressam a psicologia cristã dos grandes santos e Padres da Igreja quanto "Cartas a um Jovem Diabo".
Mas lembre-se, Deus serve-se das mais diversas pessoas para Seus projetos. Quem sabe Ele não se serviu de Lewis para aproximar muitas pessoas do catolicismo, pessoas estas que não leriam um escritor católico, mas que leu Lewis com muito gosto.
Muito obrigado pelas palavras sobre meu blog. Reze por mim.
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Respondo-lhe:
Não há mistério algum em Lewis não ser católico ROMANO. Lewis é católico (católico = universal) como todos os cristãos, mas comunga na Comunhão Anglicana, com todo o direito a ele outorgado pelo Espírito de Deus, que sopra aonde quer (Jo 3,8), sem cores denominacionais, na plenitude do chamado “ecumenismo celestial”. Eu também sou católico mas não ROMANO, e creio que já chegou o tempo em que a Igreja de Roma precisa assumir de vez a postura do humaníssimo Papa João XXIII, de abertura suprapartidária do Cristianismo, como deseja o coração ecumênico de Deus. Já passou a época daquela aberração doutrinária que dizia “fora da igreja não há salvação”, e todos nós católicos deveríamos abominar quem ainda pensa assim. Em Lewis não ser ROMANO não há pecado algum, assim como não há pecado em gostar ou não de pizza, e quando subirmos ao Céu, ninguém terá na testa o título “Católico Romano”, 'Batista', “Metodista”, 'Presbiteriano', ou coisa que o valha. Temos, sim, todos nós, que abolir de vez este bairrismo proselitista que elege uma igreja como única, ou como única correta, lembrando que quando Jesus disse a Pedro que sobre esta Pedra ele edificaria a Igreja dEle, não havia ainda o “Catolicismo ROMANO” (que nasceu séculos depois) e muito menos a figura papal, que o Romanismo quer atribuir a Pedro, naquilo que em Teologia chamamos de “cirurgia hermenêutica”. Além do mais, a “Pedra” era Cristo, É Cristo, e não Pedro (I Co 10,4).
SIM. Lewis se converteu ao cristianismo pelo livro "O Homem Eterno" de Chesterton, é verdade. Porém se converter ao Cristianismo é que importa, e não ao Catolicismo ROMANO. Pois Lewis se converteu do ateísmo ao “Catolicismo Cristão”, que é a igreja, digamos assim, “invisível” de Jesus, aquela não feita por mãos humanas, única que realmente salva almas (ao contrário, para as que foram feitas por mãos humanas, Jesus fez uma dura profecia: Mt 24,1-2). Quanto ao que você disse: “porque ele se tornou anglicano e não católico é um mistério e uma pena”, é visível a sua idéia de que se não for católico ROMANO não está certo. E não há pena nem mistério algum, veja: eu também não sou católico ROMANO, e por minha decisão você poderá entender porque Lewis jamais aderiu ao Romanismo. A resposta é: justamente por ser uma Igreja que se coloca ela própria como SALVADORA, como se fosse o próprio Deus, como se as chaves dadas a Pedro fossem chaves dadas exclusivamente ao clero ROMANO e não a todos os cristãos legítimos; por ser uma Igreja que tem atualmente um líder (Ratzinger) que se julga único representante de Deus na Terra, mas que não foi capaz de calar as suspeitas de maracutaias na sua própria eleição; por ser uma organização ao mesmo tempo religiosa e política, Estatal, com poder temporal, secular e vertical, exatamente como há nos quartéis. Finalmente, nem eu nem Lewis somos Romanos porque vimos até onde a Igreja de Roma chegou, com sua auto-eleição teocrática, ao ponto de mandar queimar hereges e bruxas, tirando da pessoa humana o direito ao livre-pensar e até proibindo a humanidade de ler a Bíblia. Por isso, eu e Lewis cremos que, embora não sejamos evangélicos, o movimento iniciado com Lutero foi sim obra do Espírito Santo (autor e consumador da gloriosa liberdade dos filhos de Deus – Rm 8,21 e II Co 3,17), com o intuito de coibir a escalada decrescente da Moral da Igreja, a qual levou os próprios “representantes” de Deus à simonia, à sodomia e à aberração da venda de indulgências, cuja vergonha chocaria até São Francisco, o qual também revoltou-se contra as imoralidades e prevaricações da Igreja, em época muito anterior a Lutero (a diferença entre Francisco e Lutero foi apenas a coragem lúcida do segundo e a obediência temerosa do primeiro, que não encontrou em si coragem para seguir a idéia de São Pedro, expressa em Atos 5,29).
Depois você escreveu: “No entanto, conheço muito poucos livros tão profundamente cristãos quanto o Mero Cristianismo. Conheço muito poucos livros que expressam a psicologia cristã dos grandes santos e Padres da Igreja quanto "Cartas a um Jovem Diabo".” De fato é verdade. Lewis é o máximo. Todavia quando falamos em grandes santos e padres precisamos nos lembrar que naquela época, na Patrística, a igreja ainda era única, somente cristã, e por isso nem se pode avaliar o que teria ocorrido com a psicologia daqueles homens se tivessem lido Lewis APÓS a Reforma. Porquanto tenho certeza de que você sabe que, assim como não se pode avaliar a vontade popular num regime de partido único, também não se pode avaliar o Cristianismo com uma única igreja, ditando regras “pétreas” (nos dois sentidos) de auto-perpetuação no poder, e agindo como qualquer ditadura mundana.
Finalmente, no último parágrafo você acertou em cheio. Você disse: “Deus serve-se das mais diversas pessoas para Seus projetos. Quem sabe Ele não se serviu de Lewis para aproximar muitas pessoas do catolicismo, pessoas estas que não leriam um escritor católico, mas que leu Lewis com muito gosto”. Sim! Pimba! Eureca! Lewis é o maior apologeta cristão de todos os tempos, e certamente ninguém no mundo ajudou mais à 'evangelização-consciente' do que ele! Deus, de fato, perdoe-me a expressão, o usou de cabo a rabo, e Lewis é católico, só que não ROMANO!... E de fato, Lewis fez muitos protestantes conhecerem o catolicismo (não o Romanismo nem o Romanicalismo) e fez também muitos ateus crerem em Deus, como o Espírito Santo costuma fazer quando usa seus legítimos profetas! Todavia, irmão, a Igreja de Roma continua encarando-se acima de onde deveria se colocar, como se Jesus tivesse rótulo de católico na testa! E Lewis viu tudo isso, ao ponto de, em sua santa humildade, jamais tratar especificamente de sua própria igreja, bancando o proselitista romano! Este é o Lewis que amo, e a quem imito fielmente, como os primeiros cristãos imitavam Paulo, e não Pedro (I Co 11,1).
Não me leve a mal. Nunca li um depoimento romano tão pertinente quanto o seu. E se você também amou Lewis, então é meu irmão legítimo, e também creio que Deus o está olhando com bons olhos, como eu, surpreso e alegre por ver Lewis frutificar até na hermética Igreja de Roma.
Comemore conosco a “Semana Lewis”, de 22 a 29/11/2009 (grupodeamigosdocslewis@yahoogroups.com).
Por tudo, receba um forte abraço fraterno, pois somos todos filhos amados de Cristo.
Prof. JV.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
POR QUE JAMAIS HÁ CONSENSO SOBRE A BÍBLIA?
UM TEXTO POLÊMICO PARA QUEBRAR O SILÊNCIO
(Discutindo o óbvio ululante das milenares querelas hermenêuticas entre católicos e protestantes, e por ser o óbvio não pode ser revisitado aqui com muitas palavras, porque é o tipo da questão que os intermináveis discursos de parte a parte já deram tudo o que tinham de dar).
O texto polêmico é: “Os evangélicos sempre alegaram que são os maiores defensores da fé como elemento-chave para a salvação das almas. Até o Dr. CS Lewis, maior pensador cristão do Século passado, reconheceu isso quando revelou que eles 'reclamaram' a ausência de uma maior ênfase na fé em seu livro 'Cristianismo Autêntico' (ABU Editora, 1979). Entretanto e com efeito, um estudo mais apurado do Catolicismo termina por revelar verdadeiras 'cirurgias hermenêuticas' no Corpo Doutrinal Romano (exemplos abaixo), nas quais os evangélicos nem de longe conseguem crer. Isto nos conduz à inevitável conclusão de que a fé também é uma dessas coisas que passeiam ao sabor dos interesses individuais e denominacionais, com cada um destes fazendo uso dela apenas naquilo que lhes é conveniente (ou apenas no que se refere ao seu próprio ponto-de-vista individual ou denominacional) e por isso ninguém é, a rigor, cem por cento crente.”
Um exemplo a ser dado de “cirurgia hermenêutica católica” com a qual os protestantes nem de longe se aventuram a crer (não porque não tenha fundamento, mas porque tal quesito porá em risco a própria identidade “político-partidária” de sua denominação) é o mais famoso de todos, a saber, aquele que na prática constitui a base de toda a fé católica na existência da Igreja de Roma, encontrado no Evangelho de Mateus, no cap. 16, versículo 18, quando Jesus diz a Pedro: “Sobre esta pedra eu edificarei a minha igreja”. Há duas cirurgias aqui: os católicos dizem que a pedra é pedro, outros dizem que a pedra é a fé, e os protestantes dizem que a pedra é Cristo. Alguma delas está errada? Aguardemos um pouco. Prossigamos.
Outro exemplo de “cirurgia hermenêutica católica” se encontra em João 6, no qual Jesus diz explicitamente que Sua carne “é verdadeira comida, e seu sangue verdadeira bebida”, com o que Deus avalizou toda a base da fé que crê que o próprio Cristo se fez pão, no Mistério sublime da Eucaristia. Novamente deve-se frisar que esta alegação também tem fundamento no “para Deus tudo é possível”, e sua rejeição se dá apenas por bairrismo e divisionismo político.
Já um exemplo de “cirurgia hermenêutica protestante” com a qual os católicos nem de longe se aventuram a crer (repito, não porque não tenha fundamento, mas porque tal quesito põe em risco a identidade “político-partidária” do Catolicismo) é considerado “um clássico” dentre todos, e é encontrado no Livro de Atos, no capítulo 16, versículo 31, e afirma que basta apenas a fé para a salvação de uma alma (num simplismo que Lucas jamais indicaria como peça de evangelização). Este 'basta apenas' é que caracteriza bem o sentido de “cirurgia hermenêutica”, ou extirpação.
Outro exemplo de “cirurgia hermenêutica protestante” se encontra em Marcos 6, versículo 3, no qual o escritor canônico registrou alguns nomes da numerosa família consangüínea de Jesus, o que inexplicavelmente ofende a fé católica, como se para Roma o ato conjugal entre nossa mãe santíssima e seu legítimo esposo fosse pecado, um estranho pecado chamado “adultério contra o Espírito Santo”, por ser Deus o único esposo de Maria!... Novamente deve-se ressaltar que essa alegação dos irmãos de Jesus também tem fundamento, e sua rejeição se dá por um divisionismo político injustificável, com base no lamentável erro de conceituação moral da virgindade.
As ressalvas que fiz, dando conta de que todas as 'cirurgias' têm fundamento (dependendo da ótica denominacional adotada), se baseia no fato de que não há nem nunca existiu um único ser humano que tivesse ido à Palavra de Deus e não tivesse cometido o erro de julgar que a sua interpretação pessoal é a única ou a mais correta, esquecendo-se de que ele – ele também, por que não? – é repreendido pelo versículo que diz “nenhuma profecia deste livro provém de interpretação particular” (II Pe 1,20), e sem se dar conta de que a frase de Pedro se referia exclusivamente aos registros deles mesmos, i.e, aos escritores canônicos, e não àqueles que sairiam a pregar a Palavra de Deus pelo mundo. Melhor dizendo, o alerta de Pedro era para que nos lembrássemos de que todos os dados adicionados ao Cânon vieram de Deus, e não dos autores canônicos; ao passo que aquilo que se entendesse e se pregasse depois de registradas por escrito as memórias dos apóstolos, seria e tinha que ser produto de interpretação dos cristãos (leigos ou não), únicos guiados pelo Espírito de Deus. Logo, ao invés de estar desencorajando interpretações, na verdade Pedro estava dizendo que, SE o intérprete acreditar que a Bíblia vem de fato de Deus, então tudo o que ele interpretar a partir dessa fé é válido, tal como Paulo explicou em Rm 14,22-23. Aliás, por falar em Paulo, o próprio Pedro deu um sinal sintomático acerca disso, quando contou que os dados da Revelação bíblica são matérias difíceis de entender e que Paulo as enxergaria melhor do que ele (II Pe 3,15-16), o que prova que o ato de “interpretar particularmente”, ou respeitando-se a inspiração aleatória do Espírito Santo – que sopra aonde quer (Jo 3,8) –, era um costume freqüente e salutar da igreja primitiva. Este parágrafo deve ser relido.
Isto posto, se tanto o Catolicismo quanto o Protestantismo têm fundamento em suas visões particulares da Palavra de Deus, então “o labirinto fica mais acima” (como diziam os bizantinos), e seria algo relacionado à própria comunicabilidade de Deus, que jamais foi nem podia ser simples, em razão de ser uma “Comunicação-via-Transposição” do Infinito incognoscível da mente de Deus para o finito de nossas mentes. Assim, portanto, todos os homens e todas as denominações, em todos os tempos, jamais chegam a errar totalmente em suas reivindicações de fé, embora também jamais acertem completamente. E convenhamos, esta é a única conclusão sadia e capaz de unir todo o Cristianismo.
Finalmente, se Jesus um dia afirmou que nem sequer uma folha cairá em terra sem o consentimento de Deus, bem como que todos os cabelos de nossa cabeça estão contados (não valem os carecas), é lícito supor que também é por vontade de Deus que o Catolicismo e o Protestantismo subsistem, e assim o fazem pela gloriosa liberdade dos santos e passeando ao sabor da vontade de seu único Pai, maior interessado em encorajar as pesquisas bíblicas, melhor exercício espiritual de todos os seus filhos.
Prof. João Valente.
(Discutindo o óbvio ululante das milenares querelas hermenêuticas entre católicos e protestantes, e por ser o óbvio não pode ser revisitado aqui com muitas palavras, porque é o tipo da questão que os intermináveis discursos de parte a parte já deram tudo o que tinham de dar).
O texto polêmico é: “Os evangélicos sempre alegaram que são os maiores defensores da fé como elemento-chave para a salvação das almas. Até o Dr. CS Lewis, maior pensador cristão do Século passado, reconheceu isso quando revelou que eles 'reclamaram' a ausência de uma maior ênfase na fé em seu livro 'Cristianismo Autêntico' (ABU Editora, 1979). Entretanto e com efeito, um estudo mais apurado do Catolicismo termina por revelar verdadeiras 'cirurgias hermenêuticas' no Corpo Doutrinal Romano (exemplos abaixo), nas quais os evangélicos nem de longe conseguem crer. Isto nos conduz à inevitável conclusão de que a fé também é uma dessas coisas que passeiam ao sabor dos interesses individuais e denominacionais, com cada um destes fazendo uso dela apenas naquilo que lhes é conveniente (ou apenas no que se refere ao seu próprio ponto-de-vista individual ou denominacional) e por isso ninguém é, a rigor, cem por cento crente.”
Um exemplo a ser dado de “cirurgia hermenêutica católica” com a qual os protestantes nem de longe se aventuram a crer (não porque não tenha fundamento, mas porque tal quesito porá em risco a própria identidade “político-partidária” de sua denominação) é o mais famoso de todos, a saber, aquele que na prática constitui a base de toda a fé católica na existência da Igreja de Roma, encontrado no Evangelho de Mateus, no cap. 16, versículo 18, quando Jesus diz a Pedro: “Sobre esta pedra eu edificarei a minha igreja”. Há duas cirurgias aqui: os católicos dizem que a pedra é pedro, outros dizem que a pedra é a fé, e os protestantes dizem que a pedra é Cristo. Alguma delas está errada? Aguardemos um pouco. Prossigamos.
Outro exemplo de “cirurgia hermenêutica católica” se encontra em João 6, no qual Jesus diz explicitamente que Sua carne “é verdadeira comida, e seu sangue verdadeira bebida”, com o que Deus avalizou toda a base da fé que crê que o próprio Cristo se fez pão, no Mistério sublime da Eucaristia. Novamente deve-se frisar que esta alegação também tem fundamento no “para Deus tudo é possível”, e sua rejeição se dá apenas por bairrismo e divisionismo político.
Já um exemplo de “cirurgia hermenêutica protestante” com a qual os católicos nem de longe se aventuram a crer (repito, não porque não tenha fundamento, mas porque tal quesito põe em risco a identidade “político-partidária” do Catolicismo) é considerado “um clássico” dentre todos, e é encontrado no Livro de Atos, no capítulo 16, versículo 31, e afirma que basta apenas a fé para a salvação de uma alma (num simplismo que Lucas jamais indicaria como peça de evangelização). Este 'basta apenas' é que caracteriza bem o sentido de “cirurgia hermenêutica”, ou extirpação.
Outro exemplo de “cirurgia hermenêutica protestante” se encontra em Marcos 6, versículo 3, no qual o escritor canônico registrou alguns nomes da numerosa família consangüínea de Jesus, o que inexplicavelmente ofende a fé católica, como se para Roma o ato conjugal entre nossa mãe santíssima e seu legítimo esposo fosse pecado, um estranho pecado chamado “adultério contra o Espírito Santo”, por ser Deus o único esposo de Maria!... Novamente deve-se ressaltar que essa alegação dos irmãos de Jesus também tem fundamento, e sua rejeição se dá por um divisionismo político injustificável, com base no lamentável erro de conceituação moral da virgindade.
As ressalvas que fiz, dando conta de que todas as 'cirurgias' têm fundamento (dependendo da ótica denominacional adotada), se baseia no fato de que não há nem nunca existiu um único ser humano que tivesse ido à Palavra de Deus e não tivesse cometido o erro de julgar que a sua interpretação pessoal é a única ou a mais correta, esquecendo-se de que ele – ele também, por que não? – é repreendido pelo versículo que diz “nenhuma profecia deste livro provém de interpretação particular” (II Pe 1,20), e sem se dar conta de que a frase de Pedro se referia exclusivamente aos registros deles mesmos, i.e, aos escritores canônicos, e não àqueles que sairiam a pregar a Palavra de Deus pelo mundo. Melhor dizendo, o alerta de Pedro era para que nos lembrássemos de que todos os dados adicionados ao Cânon vieram de Deus, e não dos autores canônicos; ao passo que aquilo que se entendesse e se pregasse depois de registradas por escrito as memórias dos apóstolos, seria e tinha que ser produto de interpretação dos cristãos (leigos ou não), únicos guiados pelo Espírito de Deus. Logo, ao invés de estar desencorajando interpretações, na verdade Pedro estava dizendo que, SE o intérprete acreditar que a Bíblia vem de fato de Deus, então tudo o que ele interpretar a partir dessa fé é válido, tal como Paulo explicou em Rm 14,22-23. Aliás, por falar em Paulo, o próprio Pedro deu um sinal sintomático acerca disso, quando contou que os dados da Revelação bíblica são matérias difíceis de entender e que Paulo as enxergaria melhor do que ele (II Pe 3,15-16), o que prova que o ato de “interpretar particularmente”, ou respeitando-se a inspiração aleatória do Espírito Santo – que sopra aonde quer (Jo 3,8) –, era um costume freqüente e salutar da igreja primitiva. Este parágrafo deve ser relido.
Isto posto, se tanto o Catolicismo quanto o Protestantismo têm fundamento em suas visões particulares da Palavra de Deus, então “o labirinto fica mais acima” (como diziam os bizantinos), e seria algo relacionado à própria comunicabilidade de Deus, que jamais foi nem podia ser simples, em razão de ser uma “Comunicação-via-Transposição” do Infinito incognoscível da mente de Deus para o finito de nossas mentes. Assim, portanto, todos os homens e todas as denominações, em todos os tempos, jamais chegam a errar totalmente em suas reivindicações de fé, embora também jamais acertem completamente. E convenhamos, esta é a única conclusão sadia e capaz de unir todo o Cristianismo.
Finalmente, se Jesus um dia afirmou que nem sequer uma folha cairá em terra sem o consentimento de Deus, bem como que todos os cabelos de nossa cabeça estão contados (não valem os carecas), é lícito supor que também é por vontade de Deus que o Catolicismo e o Protestantismo subsistem, e assim o fazem pela gloriosa liberdade dos santos e passeando ao sabor da vontade de seu único Pai, maior interessado em encorajar as pesquisas bíblicas, melhor exercício espiritual de todos os seus filhos.
Prof. João Valente.
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